RETRATOS DA VIDA (LES UNS ET LES AUTRES)
Filme francês de 1981 que marcou sua época, principalmente em razão da música (desconhecida por muitos) que tornou célebre e que ficou definitivamente associada a ele: o Bolero, de Ravel. Mas na verdade o filme tem vários elementos a serem destacados: primeiro, trata-se de um longa metragem, o que para o público acaba sendo uma desvantagem, porque embora o filme para alguns possa ser tão variado que não se vê o tempo passar, para outros representa algo com momentos que poderiam ser eliminados ou reduzidos em sua duração (e a montagem tem uma ou outra falha dentro dos “retalhos” todos, de personagens e épocas); segundo, o diretor é o tão famoso quanto polêmico Claude Lelouch (Vivre pour vivre, Um homme et une femme…). Da mesma forma que ao filme, sobram críticas a esse diretor, tanto positivas quanto negativas e é impressionante como tais conceitos variam: as notas dadas ao filme, por exemplo, vão de 1 a 9, o que não é um fato muito comum. Isso significa que gostar ou não do filme parece ser uma questão meramente de gosto (ou de momento), senão de sensibilidade, de uma pessoa para outra. Até porque o terceiro destaque é a forma de apresentação do filme, com predominância da música e da dança: trata-se de uma saga, da história através dos tempos –com predominância da segunda guerra mundial e seus dramas e tragédias-, envolvendo gerações e basicamente famílias de países distintos, vale dizer, Estados Unidos, Alemanha, França e Rússia. São belos os temas e ouvimos músicas muito bonitas e significativas, com grandes apresentações, com destaque para o momento apoteótico de um final inesquecível, ao lado da Torre Eiffel. Presenciamos amores e desamores, encontros e desencontros, catástrofes, muitas emoções, com os personagens nascendo, vivendo e morrendo em diversas conexões familiares e musicais. O quarto destaque são os arranjos musicais, de autoria de Michel Legrand e Francis Lai, simplesmente dois ícones franceses. Completando todo esse contexto (ou miscelânea), vários bons atores e atrizes, com grande destaque para os conhecidos James Caan e Geraldine Chaplin. Curiosidade: perto do final do filme aparece uma cena rapidíssima em que o filho do maestro (também interpretado por James Caan – aliás, o filme tem isso felizmente, para facilitar inclusive o espectador de acompanhar as tramas: os filhos são interpretados pelos mesmos atores e atrizes que fazem os pais) está ao lado de Sharon Stone, lindíssima. Também rapidíssima a presença de Fanny Ardant. É um filme longo, repleto de fatos, de músicas, de danças, de histórias paralelas, que se entrelaçam, mas que efetivamente marcou seu tempo e que na realidade para quem gostar será inesquecível, um espetáculo simbolizando o próprio ritmo da vida. Por fim, porém também muito importante, o registro da dança de Jorge Dann, famosíssimo bailarino argentino e que participa do filme em dois momentos simplesmente mágicos, portanto inesquecíveis. Esse dançarino já tinha 34 anos quando filmou, mas pelo filme é que ganhou maior notoriedade. Morreu tragicamente em 1992, vitimado pela Aids. 9,0