CURTINDO A VIDA ADOIDADO (FERRIS BUELLER´S DAY OFF)

Esta comédia adolescente de 1986 é considerada um clássico da década. Dirigida por John Hughes (Esqueceram de mim, Clube dos cinco, A garota Rosa Shocking, Gatinhas e gatões), foi também roteirizada por ele em menos de uma semana e, segundo consta, com o papel de protagonista desde logo definido e dirigido a Matthew Broderick, que interpretou maravilhosamente bem o papel de Ferris. Esse ator, que, por sinal, casou com a atriz Sarah Jessica Parker em 1987, fez na época vários filmes, como Projeto secreto Macacos, Curtindo a vida adoidado, Metido em encrencas, mas depois de alguns anos e um ou outro filme sumiu, retornando apenas recentemente, já sessentão, em algumas produções, como na comédia Que horas eu te pego, com Jennifer Lawrence. Mas em “Curtindo…”, junto com ele, o elenco vai todo muito bem e o roteiro flui fácil e divertido, com muitas cenas memoráveis e diversas referências pop (vide o quarto de Ferris), sendo a culminante a do desfile de rua, na interpretação/dublagem da música Twist and Shout, inclusive com a participação de parte do público de não atores. A história é até meio bobinha, mas o roteiro é muito bem construído e temperado: adolescente anárquico com ascendência sobre o grupo finge estar doente para matar aula e daí seguem-se as aventuras em Chicago: A vida passa muito depressa e se você não parar e olhar em volta de vez em quando, pode acabar perdendo”, diz o protagonista a certa altura. E essa é a essencia do filme. Integram o elenco Mia Sara (na verdade a única que era legitimamente adolescente), Jennifer Grey (que no ano seguinte estrelaria Dirty dancing), Alan Ruck, Charlie Sheen (em rápida mas marcante aparição) e o engraçadíssimo – mesmo sem querer – Jeffrey Jones, que é cômico por expressão e natureza e aqui protagoniza, no papel do diretor do colégio Ed Rooney, cenas antológicas com um cão feroz (ele atuou em Os fantasmas se divertem e fez o rei José II em Amadeus). A trilha sonora é ótima e a cada cena não é difícil os adolescentes (notadamente os da época) se identificarem com os personagens ou as situações. Divertido, interessante e com vários momentos que serão lembrados, como o da cena no restaurante, o do guardador de carros e o da mesma Ferrari 250 GT Spyder na garagem do pai (na verdade uma réplica). Isso sem contar os inúmeros momentos envolvendo o já citado diretor, inclusive nos créditos finais. 8,8