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ELVIS

O diretor australiano Baz Luhrmann (Moulin Rouge, O grande Gatsby, Austrália, Romeu e Julieta) novamente imprime seu estilo visual, sonoro e rítmico (em narrativa, que lembra Moulin Rouge) para fazer mais uma obra marcante na história do cinema. A narrativa, mesclada com a trilha e o som e as imagens já propiciam um início apoteótico ao filme, com um trabalho de edição que vai se revelar primoroso do começo ao fim. E a história fascinará o espectador, tanto nos momentos da origem e das influências que forjaram o mito Elvis Preasley, quanto na sua ascensão ao apogeu e no seu declínio, que é a parte melancólica do filme e que guarda um final com momentos mágicos embora tristes, onde vemos imagens reais do ídolo mescladas com as das performances do espetacular ator Austin Butler e um dos números musicais mais emocionantes da carreira de Elvis, cantando ao piano Enchained Melody, no mês de agosto de 1977, mesmo mês em que veio a falecer. Esse momento do filme é simplesmente dilacerante! O filme mostra um painel histórico do artista que ousou cantar o que só os negros cantavam, influenciado pelas canções de blues, jazz e soul que ouvia quando criança e adaptando sua juventude e rebeldia com uma dança que além de revolucionar a música, também causou grande choque nos costumes e nos conservadores naturalmente (tanto, que a carreira foi interrompida por um oportuno serviço militar). Mas o filme não é só uma biografia de Elvis, talvez sendo muito mais a do seu polêmico empresário, conhecido como Coronel Parker. Portanto, o enredo também e principalmente aborda a ambição e como ela influenciou e limitou os caminhos do artista, talvez causando em grande parte seu destino. O filme é repleto de referências, tanto das origens do blues na pessoa de Arthur “Big boy” Crudup (que impressionaram o Elvis criança), que teve algumas músicas regravadas por Elvis, como de legendas a exemplo de B.B. King Little Richard, Mahalia Jackson (música negra de Nova Orleans) e a presença de artistas como Hank Snow, que representava o tradicionalismo que existia antes da “revolução Preasley”. Claro, o filme naturalmente cita Beatles e Rolling Stones, como marcos da década de 60. Há também referências históricas: embora algumas só sejam citadas, o filme mostra diversos momentos de grande comoção nacional como o assassinato de Martin Luther King (a poucos quilômetros de Graceland, Memphis, Tennessee, onde está a mansão onde morou toda a família de Elvis), do senador Ted Kennedy, da atriz Sharon Tate. Este é realmente um filmaço e faz um merecido tributo ao ídolo, mostrando também várias facetas pouco conhecidas ou até romanceadas, sendo que o odioso e inescrupuloso empresário é tão bem feito por Tom Hanks, que chega a despertar raiva de quem assiste ao filme. Agora, o protagonista dá um verdadeiro show de interpretação. Uma performance merecedora de um Oscar, havendo momentos em que não conseguimos distinguir o ator do verdadeiro cantor, tal a perfeição do trabalho! Um magnífico trabalho, que homenageia o ídolo, conta algo de sua história, revela fatos diversos e espantosos (como por que Elvis não fez excursões pela Europa) e talvez desperte a curiosidade daqueles que não conhecem sua arte e a importância que teve na revolução musical dos anos 50/70. Na HBO Max. 9,5