OS CINCO PORQUINHOS

five-little-pigs-2003-posterNão é tarefa fácil adaptar para o cinema  – ou, como no caso, para a TV, mas com roupagem de tela grande – as obras de Agatha Christie, a maior escritora de livros policiais de todos os tempos. Tanto, que poucos filmes tiveram sucesso e ainda assim com algumas lacunas em relação à complexidade dos livros. As dificuldades decorrem, primeiro – não necessariamente na ordem de importância -, pela necessidade de perfeição quanto à reconstituição de época, cenários, figurinos, trilha sonora, fotografia…Segundo, pelo “clima” das histórias, pois dotadas de muito charme, tensão, suspense, além de algumas doses de drama, comédia e ação…Terceiro, pelos personagens, muitos deles exigindo um superlativo desempenho dos atores, para que reflitam na exata medida sua importância e participação na trama, principalmente a conduta do protagonista, no caso o detetive Hercule Poirot e seus assessores, o amigo Hastings, a secretária Lemon e o inspetor Japp. E quarto, roteiro consistente e direção competente. A série “Agatha Christie´s Poirot” foi exibida pela TV britânica entre os anos de 1989 e 2013, com 70 episódios distribuídos em 13 temporadas. Há muitos que se destacam e este é um dos mais notáveis, pois todos os fatores acima citados estão presentes, com admirável perfeição, Poirot brilha especialmente, a história é ótima e maravilhosamente bem contada e tudo reflete exatamente o que sentimos ao ler os livros da escritora: e além disso acabamos sendo joguetes em suas hábeis, inteligentes e “perversas” mãos…e quando pensamos que temos a resposta, existe ainda uma carta na manga para nos deixar perplexos, mudar totalmente o enfoque e, com isso, reafirmar nossa admiração pela argúcia e talento de Agatha, por tudo isso eternizada como a Rainha do Crime. De suas criações emerge, como um farol, o detetive belga Hercule Poirot e que na série encontrou um intérprete à altura de sua majestade: o ator David Suchet, que está simplesmente soberbo ao dar vida a um ícone (de difícil composição) da literatura policial. Diante de tal perfeita sintonia, o ciclo se perfaz com a última cena, que complementa admiravelmente a da abertura. A nota é de fã e não poderia ser outra.  10,0