O SILÊNCIO DOS INOCENTES (THE SILENCE OF THE LAMBS)

Este filme fez um estrondoso sucesso na época (1991), inclusive tendo alcançado o raro feito de ganhar os considerados 5 principais Oscars: Filme, diretor (Jonathan Demme), ator (Anthony Hopkins), atriz (Jodie Foster) e roteiro, tendo Hopkins e Foster ganhado inúmeros outros prêmios por suas inesquecíveis interpretações (Jodie ganhou inclusive o Globo de Ouro e Bafta, Oscar inglês). Na história dos Oscars, apenas mais dois filmes ganharam o five de ouro: Aconteceu naquela noite (de 1934, com Clark Gable) e Um estranho no ninho (de 1975, com Jack Nicholson). Este filme, de fato, é superlativo dentro do gênero e cinematograficamente falando tem qualidades indiscutíveis, além de cenas inesquecíveis (conta-se que a própria Jodie Foster ficava impactava com os locais de filmagem, principalmente de visita ao Dr. Lecter), ser muitíssimo bem produzido e um protagonista que causou muitos pesadelos, fruto da atuação soberba de Anthony Hopkins, na pele do personagem do Dr. Hannibal Lecter. Além da também marcante atuação de Foster, também atua magnificamente bem o ator Ted Levine (Buffalo Bill) e está ótimo Scott Glenn no papel de chefe de Clarice. Obviamente não é um filme para qualquer tipo de público, sendo comparado em gênero aos ótimos Seven e O colecionador de ossos, com os quais se equipara dentre os melhores do estilo serial killer. É um filme forte e sombrio, que explora o lado escuro da alma humana e tem cenas, tanto criativas, quanto chocantes e violentas, inclusive em seu acentuado aspecto psicológico. Seu suspense, notadamente em certas cenas, é simplesmente fabuloso e há momentos memoráveis, como os das conversas de Clarice com o canibal, o da nova prisão deste último (e dos fatos que ali sucedem, incluindo a cena do elevador), o da campainha tocando e a do escuro quase ao final . Os diálogos entre a detetive e o Dr. Lecter são brilhantes, afiados, inteligentes, de um lado uma esperta porém noviça policial e de outro um sádico manipulador: alguém que procura entrar na mente das pessoas e explorar seus traumas e suas fraquezas, sendo incrível como ele consegue transformar em frágil a firme e valente Clarice, acaba se tornando vulnerável a seus incisivos e habilidosos questionamentos. O roteiro do filme também mostra de modo sutil o machismo na polícia, sendo, enfim, um conjunto perfeitamente harmônico, do qual também faz parte a imprescindível ótima direção de Demme. Como curiosidade, no cartaz do filme, a imagem que aparece nas costas da mariposa não é a de uma caveira e sim a fotografia surrealista de uma obra de Salvador Dali (In voluptas mors), que representa sete mulheres nuas, que agrupadas acabam se assemelhando a um crânio humano. 9,5