O PODER DA SEDUÇÃO (THE LAST SEDUCTION)

A sensação que tive, ao terminar este filme, é de ter testemunhado uma fascinante personagem feminina, uma autêntica femme fatale, a mulher inteligente, ardilosa, que conquista o que deseja com seu poder de sedução (eis o título do filme!), mas também malvada, articuladora, manipuladora, psicopata: tudo isso graças ao desempenho memorável da atriz Linda Fiorentino (Jade, Dogma, Depois de horas…), que, por sinal, não faz mais filmes há 20 anos. Mas, por outro lado, também tive a sensação de que o filme poderia ter sido muito melhor, se tivesse outro diretor que não John Dahl e se tivesse escalado outro elenco de apoio à Linda (a palavra cai bem, porque o brilho único do filme é dela). Não gosto de Bill Pullman, ainda mais quando era jovem e bem mais canastrão e o ator Peter Berg, apesar de esforçado, não foi convincente em todas as cenas. O roteiro é interessante, com algum suspense, mas o desenvolvimento da história é falho, deixando de ter a leveza ou consistência (conforme o caso) e o ritmo que deveria. Mas vale, de fato, pela atuação de Linda Fiorentino (Bridget Gregory), que faz como criminosa sedutora e ousada com que o filme adquira contornos de noir e o enredo se torne até mesmo mais envolvente a cada passo, na perspectiva do que vai ocorrer e de que “tal mulher é capaz de qualquer coisa para obter o que deseja”. É um filme de 1994 e certamente causou certo furor para o relativo puritanismo que ainda existia naquela época, inclusive em produções cinematográficas americanas. Em resumo, não é um roteiro original, muito menos imprevisível, mas se sustenta, afinal, nos feitiços da hipnótica Bridget.  8,0