Não por causa do protagonista, mas talvez do roteiro ou da direção de Fernando León de Aranoa (Segunda-feira ao sol), este filme fica um pouco aquém do que poderia ter sido. Algo ficou faltando na harmonia dos elementos e/ou no seu desenvolvimento, para ser um filme perfeito, embora seja bom, tenha ganho inúmeros prêmios e sátiras sociais (sobretudo saborosas) estejam escassas no cinema de hoje. De qualquer modo, é uma gostosa e irônica comédia (a ironia começa pelo título), um filme de qualidade e um entretenimento prazeroso e divertido, principalmente por algumas situações e cenas interessantes e pela atuação magnífica do excelente Javier Barden (Apresentando os Ricardos, Onde os fracos não têm vez), fazendo com maestria um papel que não lhe é costumeiro e que exige grande talento e destreza, pois o personagem é um misto de seriedade, sarcasmo, charlatanice manipuladora, oportunismo etc. E Barden encontrou o tom certo para trazer com cores convincentes e propositadamente cínicas esse empresário dono de fábrica, caricato, às voltas com seus “problemas” corporativos e pessoais, todos obviamente criados por ele mesmo e que serão resolvidos naturalmente sem pudores éticos. Quanto ao Goya de 2022, o filme ganhou simplesmente os seguintes prêmios: melhor filme, direção, roteiro, montagem/edição, trilha sonora e, claro, melhor ator para Javier Barden. 8,7
