NA SOLIDÃO DA NOITE (DEAD OF NIGHT)

Nesta produção de suspense e terror de 1945, temos uma história principal, cujo início e final se encadeiam de uma forma brilhante. E em torno de seu centro narrativo -com um só cenário e vários personagens- orbitam vários contos, em flashback, bem ao estilo daquelas séries famosas de televisão, como Além da imaginação e Quinta dimensão, por exemplo, mexendo com o imaginário, misturando sonhos, premonições, assombrações, pesadelos, fatos sinistros, terror psicológico, mas apresentando uma bela fotografia em preto e branco. O que distingue esta antologia das demais, todavia, é a qualidade de seu texto (diálogos), que é bastante superior à média, mesmo das famosas séries de TV. Desde o início percebemos o tratamento especial dado aos diálogos e aos personagens, tendo o filme tido o envolvimento, na produção, de vários escritores e diretores, além de um elenco praticamente coeso. Infelizmente, porém, um dos contos quebra totalmente não só a harmonia do filme, como o próprio gênero que o identifica, não havendo realmente nenhuma razão para a sua existência: o conto do golfe é absolutamente patético dentro do  todo, pois tanto contraria a essência do filme, como conflita com o “tom” das demais histórias (insere comédia em meio a terror e suspense, o que no caso se revelou totalmente inapropriado). Deveria efetivamente ter sido suprimido do filme, sendo até incompreensíveis os motivos de sua manutenção. De todo modo, desconsiderado esse lapso, o conjunto geral e a parte final/o desfecho do filme fazem valer a pena. 8,4