MÚSICA A BORDO (FISHERMANS FRIENDS)
Este filme de 2019 se passa basicamente em uma vila de pescadores na região da Cornuália (Porto Isaac), que é lindíssima e fica na porção sudoeste do Reino Unido. Não apresenta praticamente novidades em relação a alguns outros já exibidos, mas o fato é que são filmes acima da média, aquelas boas comédias inglesas, que misturam temas, alegres e tristes, geram emoções e têm a habilidade de o fazer de uma forma muito harmoniosa, tornando a experiência do cinema uma absoluta diversão. Sem pretensões, em resumo, o filme não ficará marcado entre as melhores obras do cinema (pela falta de ineditismo), mas acaba sendo uma excelente diversão, porque mostra “tudo o que a gente quer ver”. Pois retrata a vida, mas de uma forma que mistura o real e um pouco de fantasia (ou não?), enaltecendo o mundo ideal, o compromisso ético da palavra (o chamado fio do bigode) e os bons valores, que deveriam estar presentes em todo ser humano e sempre predominar em todas as relações. Humor, alegria, romance, belos cenários e principalmente muita música: e a felicidade em torno da música é sempre um agasalho para o coração. O filme gira em torno dessa comunidade de pescadores e amigos, que têm o hábito de cantar (coro masculino) e é baseado em fatos reais. Atenção, spoiler agora: os Amigos do pescador (nome do grupo e titulo do filme), com suas músicas folclóricas e tradicionais, evocando temas históricos e contando coisas do mar, acabaram fazendo grande sucesso a partir de 2010, chegando a gravar com a Universal (fizeram 3 discos) e a se apresentar inclusive para a Rainha Elizabeth (na última cena do filme há um resumo desses fatos). Durante o filme várias dessas músicas são apresentadas (inclusive com a acústica peculiar de uma igreja), sendo um deleite ouvi-las. O filme tem vários rostos conhecidos em outros filmes ingleses (um elenco todo afinado, na verdade), porém o grupo é comandado pelo personagem do ator James Purefoy, que interpretou o serial killer em The following e Marco Antonio na série Roma. Um filme agradável, saboroso, que tem um momento triste apenas (porque é a vida, afinal), mas que celebra a vida e os valores que realmente importam (e é sempre bom sermos lembrados disso!), demonstrando que estes passam muito longe dos interesses de mercado, dos bens materiais ou do status social. Previsível, sim, mas até o seu final nos transporta para aquele universo que bate junto com os corações. E com a cena engraçada do final, banhada a música naturalmente, terminamos o filme tocados e embalados por coisas boas e bons sentimentos. 8,8