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MENINA BONITA (PRETTY BABY)

Este filme de 1978 foi uma ousadia do diretor Louis Malle (Ascensor para o cadafalso, Um sopro no coração e, depois, Adeus meninos e Perdas e danos) e deu (dá) muito o que falar desde a época de seu lançamento. Muitos provavelmente ficarão chocados, embora mais de 40 anos depois. Porque a personagem principal tinha de 12 para 13 anos e toda a história do filme praticamente se passa dentro de um bordel de Nova Orleans dos anos 20 (1920). Ela é filha de uma das prostitutas e ali vive, interpretada pela atriz Brooke Shields. E o lindíssimo rosto dessa que foi uma das mais belas atrizes que o cinema já teve, aparece já em close na primeira cena do filme. E também é desse rosto a última cena, mas bem visível – e eloquente – a diferença de expressões. Além da invulgar beleza (evidenciada à exaustão pela maravilhosa fotografia), a precoce atriz, pré-adolescente, já apresentava também um evidente talento dramático, naturalmente respaldada pelo ótimo elenco – ainda mais considerado o ambiente no qual a história se passa -, principalmente pela excelente Susan Sarandon, aqui com 32 anos e no auge de sua beleza. O ator Keith Carradine na minha opinião é a única exceção, pois apesar de ter um papel muito importante, fica devendo muito em expressões, parecendo mais uma estátua do que um personagem. Mas efetivamente deve-se reconhecer que o filme é chocante, pelas cenas que mostra, inclusive envolvendo praticamente uma criança, que passeia pelos adultos como se estivesse integrada àquele ambiente de prostíbulo (embora atenuado em sua rudeza), muitas vezes sendo tratada como objeto (há até um leilão…), cenas essas que seriam intoleráveis nos dias de hoje. Resta indagar como, em plena década de 70, os pais da atriz concordaram com a participação dela no filme. À parte os fatos acima, o enredo do filme é meio arrastado, não há lá muita criatividade e os atrativos maiores são justamente o que são alvo das polêmicas, ressuscitadas a cada exibição, muitos enquadrando o filme como “de arte” e o comparando até a “Lolita” e outros considerando-o de mau gosto, agressivo ou mesmo puro lixo cinematográfico. Vale, dessa forma, ser visto para que cada um chegue à sua própria conclusão ou mesmo por mera curiosidade. 8,0