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A CORTE

Um filme francês de grande qualidade (2015), a começar pelo duplo sentido do título (excelente e quem assistir a ele vai entender). Depois, tem um roteiro simples mas premiado porque muito bem construído e interessante, não apenas por dar suporte a um filme “de tribunal” (que em  geral é um gênero bastante atraente), mas por apresentar os bastidores de um julgamento, mostrar os fatos que ocorrem longe dos olhos do público, envolvendo o juiz, os funcionários, os jurados, a hierarquia, a linguagem, o protocolo… Por fim e com vital importância, esse elegante filme conta com uma marcante atuação de Fabrice Luchini, que com esse papel ganhou o prêmio de Melhor ator no Festival de Veneza: o de um magistrado rígido, sério, compenetrado nas funções, mas que de repente reencontra alguém do passado e se sensibiliza com essa presença (a da ótima atriz dinamarquesa Sidse Babett Knudsen, inclusive agraciada com o Cesar, Oscar do cinema francês), que causa mudanças em sua rotina e se mistura com diversos elementos em um contexto pessoal complexo (separação recente, dever, moral…). O fato é que o desenlace parece menos fundamental do que os detalhes e as reticências, que são inteligentemente colocados no enredo e que, como observou brilhantemente um crítico, fazem com que “mesmo a rápida presença de um vestido branco, na conclusão, se transforme numa pérola de significados latentes”.  9,0