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ESPOSAMANTE

esposamante+mogliamante+1977+raro+sao+paulo+sp+brasil__295376_2Acreditando que seu marido morreu, a esposa resolve refazer os trajetos dele, como viajante/negociante – em uma pequena carruagem, com um cavalo, inclusive adestrado a parar nos locais costumeiros -, passando a conhecer seus pontos de chegada, seus clientes, suas relações e até as suas atividades escusas e as anarquistas…com isso descobrindo coisas que sequer imaginava, passando a viver uma nova fase, uma nova vida de libertação…Sem saber, porém, que havia alguém observando…Laura Antonelli, a belíssima e também talentosa atriz italiana é a esposa. O marido, um dos maiores atores do cinema, Marcello Mastroianni. O filme, fora a excessiva utilização da música-tema, inclusive em momentos inadequados (muito comum nos anos 70), é bastante interessante e até nos faz acostumar com a tal música, inclusive porque quando a cena é propícia, ela se torna além de oportuna muitas vezes arrebatadora, como acontece na parte final do filme. O excelente roteiro aborda questões diversas, envolvendo a moral da época, o ateísmo e a religião, o patriarcado e a libertação feminina, a sexualidade reprimida etc., com subtextos (como dizem diversas leituras) que podem até render frutíferos debates. O filme, assim, é mais rico do que a princípio aparenta e também por essa razão virou um cult. Dramático e sensual ao mesmo tempo, merece o sucesso obtido pela sua própria qualidade cinematográfica, que ainda permanece: pela história, pela direção de Marco Vicário e pela extraordinária, emocional e vigorosa atuação de seu par central. 9,0

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O QUE NÓS FIZEMOS EM NOSSO FERIADO

O-que-Nos-Fizemos-no-Nosso-Feriado-202x300Comédia de costumes envolvendo família – filhos e casal em crise conjugal (Rosamund Pike e David Tennant) – que vai visitar o vovô (na Escócia, Billy Connolly), que está muito doente, Um filme leve e por isso bem agradável de ser visto, com algumas ótimas cenas (até para dar gargalhadas) e que além do divertimento pode proporcionar boa e saudável emoção e até mesmo momentos de reflexão sobre a vida (inclusive a nossa). No todo, aquelas lições edificantes de família, consciência da finitude etc., que podem ser resumidas na frase “aceite a vida e ame todos ao seu redor”. Frase essa que pode parecer tola à primeira vista – porque banalizada -, mas é o verdadeiro sentido de tudo. O resto é descartável e a morte, no dizer de um dos personagens, é apenas “um chute na bunda” que a vida nos dá, a fim de nos conscientizar para o que realmente importa. Mas na verdade, tanto os momentos alegres quanto os tristes decorrem basicamente do talento das três crianças, que fazem o filme acontecer e ser a delícia que é…em um tom que lembra até Miss Sunshine, entre outros que estão acima da média no gênero. 8,0

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CLOSER TO THE MOON

closer_to_the_moon-2Parte da crítica achou um filme sem definição, mas para mim é um belíssimo trabalho! Na verdade uma comédia (em certos momentos bastante cínica), com toques de drama e baseada em fatos verdadeiros. Este aspecto é anunciado desde o início e reafirmado com os créditos finais, quando conhecemos os personagens reais. Mas é cinema de primeira qualidade, com ótimo roteiro e tudo é tão bem feito e harmonioso – incluindo a caprichada e bela trilha sonora e a fotografia -, que se poderia imaginar tratar-se de um dos ótimos filmes do Woody Allen – embora em alguns momentos lembre os suspenses de Hitchcock. Mas é de Nae Caranfil, um competentíssimo embora desconhecido diretor romeno, sendo o filme produzido por cinco países: Romênia, EUA, Itália, Polônia e França. Estrelado pela talentosa Vera Farmiga (sempre ótima e charmosa e parecida com Patrícia Arquette), Marc Strong e outros, é delicioso de ser assistido e tem um final (incluído os créditos e a emocionante música) muito inspirado e emocionante. E enquanto ouvimos a bela voz cantar “It´s magic” – música consagrada por Doris Day no filme Romance em alto mar -, pensamos que “mágico é o cinema: nos impregnar de beleza e nos transportar dessa maneira”! 9,0

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CAVALOS DOMADOS –

Broken-HorsesTipo de filme para agradar apenas cinéfilos, pelos locais, história e personagens. O local é próximo à fronteira entre EUA e México e os personagens são gangsters que dominam o local, o filme no tempo da infância/juventude e retomando já em seguida com a fase adulta, na qual os fatos se intensificarão, guardando a necessária conexão com o passado. O roteiro é original interessante, sendo o foco central a relação entre dois irmãos, cujas vidas tomaram rumos bem diferentes do que seria a princípio previsto, mas possuem um vínculo de características bastante fortes, embora não deixem de ser meio doentias: os chamados laços de sangue, que nem sempre vão ter o mesmo significado para os dois lados. O termo “doentio” é aqui importante na definição de alguns personagens, notadamente o do ótimo Vincent D ´Onofrio (que está em fase inspirada e aperfeiçoa personagens excêntricos, misteriosos e cruéis) e do espetacular Chris Marquette, que compõe um elemento assustador e imprevisível em sua patologia. Anton Yelchim também está muito bem e vamos sendo envolvidos nesse drama estilo policial ou thriller com os fatos sombrios e crescentes, cujo desfecho não é tão fácil de se prognosticar.  8,3

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NOCAUTE (SOUTHPAW)

southpaw-posterMuitos filmes envolvendo boxe já foram feitos. O pugilismo é apaixonante e permite histórias dramáticas e cenas empolgantes. Este é um dos bons filmes, embora as cenas de luta não sejam tão boas assim como poderiam. Mas a direção, roteiro, trilha etc. funcionam muito bem e contam uma história interessante e que emociona, embora não seja original na maior parte de seus momentos, contendo muitos clichês. Ocorre que aqui existe um diferencial, além de ser fato que Rachel Mc Adams é uma ótima atriz (não só no gênero “doçura” que a apresentou) e Forest Whitaker é sensacional, ator merecidamente oscarizado: Jack Gyllenhaal. Como vários atores, que se modificaram fisicamente para interpretar o papel de boxeador (sendo memorável Robert De Niro em O touro indomável), Jack provavelmente passou muitos meses se preparando fisicamente, inclusive adquirindo uma musculatura compatível, embora se possa imaginar a possibilidade de efeitos especiais. Mas seu destaque não é propriamente quanto ao físico: é, na verdade, na particular, profunda e intensa interpretação do personagem, que ele qualifica o filme e o define. Após grande atuação em O abutre, esse ator se consolida agora como um dos melhores da atualidade e com ele o filme se torna maior do que a princípio poderia ser. 8,0

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MINHA QUERIDA DAMA

poster-de-minha-querida-dama-1434532763535_821x1200Drama com tons de comédia e jeito britânico de ser, apesar de se passar em Paris (cujo charme transborda em algumas cenas). Mas não poderia ser diferente com um trio formado por Maggie Smith, Kristin Scott Thomas e Kevin Kline, pois as duas excelentes atrizes são inglesas e o ator é o mais inglês dos americanos – e neste filme apresenta um desempenho superlativo. Aliás, o filme é tão efetivamente “de atores”, que poderia até dispensar outros cenários e se passar em dois ou três ambientes apenas. Mas além do elenco de peso, há uma história bem interessante (o costume francês do “viager”, as reflexões sobre o adultério e a culpa…) e muito bem conduzida e que aos poucos vai nos cativando. A partir de certo momento, inclusive os diálogos são até mesmo afiados, saborosamente recheados de cinismo e ironia. Até a dama diz em certo momento: “Eu não tenho mais idade para sutilezas”. Entretanto, na parte final do filme, passa a haver sérias reflexões sobre a vida, sobre a herança em sentido amplo, sobre como deixar a infância ir embora, sobre o adultério e suas responsabilidades e consequências. Um belo e tocante final sobrevirá, emoldurado pela discreta mas perfeita trilha sonora. E o conteúdo do caderninho presenteado é pungente, filosófico e não só desvenda o tema, como o invade em sua profundidade, confirmando que, afinal, o filme é muito mais sério e denso do que a leveza do tratamento parecia indicar.  8,5

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ALOFT

411623Este filme pode ser classificado como “de arte”. É estranho, fora do trivial, “introspectivo”, lento, não-linear, intercalando o presente com o passado (na verdade, para explicar os fatos e dar sentido à trama) e dá bastante ênfase ao lado psicológico dos personagens, criando um enredo onde existe mistério e suspense, mas deixando o espectador fazer as ligações para dar sentido ao enredo. E ainda: foi filmado em regiões inóspitas e totalmente cobertas pelo gelo. Jennifer Connelly está ótima, assim como também Mélanie Laurente e Cillian Murphy. É uma produção franco-hispânica-americana e foi exibida no Festival de Berlim de 2014 e no Festival Espanhol de Málaga. A diretora é a peruana Claudia Llosa, que dirigiu em 2008 o filme A teta assustada. Não é um filme marcante, porém, e poderia ser muito melhor se tivesse um outro “tom”, mas não deixa de ser diferente e por isso interessante. 7,5

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SAN ANDREAS ( TERREMOTO – A FALHA DE SAN ANDREAS)

l_2126355_aa6227a9Houve uma época conhecida como a do “cinema-catástrofe”, porque foram lançados diversos filmes com essa temática, incluindo “O inferno na torre” (incêndio em arranha céu) e “Terremoto”. Assim, primeiramente cabe um alerta a quem pretender ver este filme: apesar da passagem do tempo, o roteiro deste novo exemplar não tem absolutamente nada de novo, nada de criativo, o filme é absolutamente previsível, repleto de estereótipos! Então para que vê-lo? Por um motivo básico: a tecnologia. Os recursos técnicos  – efeitos especiais, de imagem e de som –  de hoje superam em muito e não se comparam com os daquela época, de modo que assistindo ao filme em um cinema bom ou mesmo em casa mas com um equipamento bom (principalmente som, até mesmo para se sentir os dramas que a trilha sonora acentua) a adrenalina é garantida. Há realmente momentos excelentes no filme, de ação, tensão e emoção – mesmo em situações manjadas, clichês ao extremo. Mas com os recursos modernos, o filme é dinâmico, emocionante e se torna efetivamente uma boa diversão. O elenco não compromete, mas evidentemente se destaca Paul Giamatti. Já o grandalhão de O escorpião rei, Dwayne Johnson, é esforçado e nas cenas de ação é muito bom, mas fica claro que não tem muito traquejo para ator dramático. Mas feio não faz e o filme é realmente para entreter, ver grudado na tela, com os indispensáveis acessórios da pipoca e do guaraná.  7,7

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MR. TURNER

198016Um homem carrancudo, o que acentua mais a sua feiura; avesso às convenções sociais, mas por ser independente em sua arte. E é justamente nesse ponto que reside a sua força: a pintura. Temas marinhos principalmente, sua obsessão, a ponto de se sujeitar a ser amarrado em um mastro em meio a uma tempestade no mar, para tornar mais realista a sua pintura. O filme abre com uma fotografia maravilhosa, em cena que parece um quadro, já dando uma amostra da beleza formal que vai perdurar até o final. A reconstituição de época é magnífica e embora a história não tenha grandes arroubos e não empolgue muito (agravada por alguns momentos de depressão e por ser um longa metragem), os fatores citados e mais a direção de Mike Leigh e a interpretação fabulosa de Timothy Spall, fazem com que seja interessante esse percurso mostrando a vida de Joseph Mallord William, inglês considerado um dos mais importantes pintores (século XVIII para XIX) no que se refere ao estudo da luz. É tido inclusive como o precursor do impressionismo. Justamente nesse tema é que o filme cresce, mostrando que a novidade dos traços e da visão do artista sobre o mundo (luz, cores, borrões…) não é bem aceita na época, fazendo de Turner inclusive motivo de chacota. E também apreciamos, em curtas cenas, os primórdios da fotografia, com o pintor dialogando com curiosidade com o fotógrafo, recém chegado dos EUA. Outro ponto forte do filme é a trilha sonora, que principalmente na parte final do filme acompanha com precisão os tormentos íntimos do personagem.  7,6

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UM POUCO DE CAOS

 

Les jardins du roi - Alan RickmanApesar do mau humor da crítica em geral (média 6 nas fontes consultadas), um filme repleto de qualidades, inclusive a de manter o adequado título em inglês. Muito bom e gostoso de se assistir, com momentos marcantes e emocionantes, até mesmo esteticamente. Um drama estilo romântico, um pouco histórico, e que não apresenta batalhas, nem invasões, nem disputas de reinos…o ano é 1682, na França, mas a história aborda simples e especificamente uma reforma dos jardins no Palácio de Versalhes, ordenada pelo Rei Luis XIV ao arquiteto André Le Notre, que vai “empreitar” parte da obra, principalmente a construção de determinado salão ao ar livre. Com toda a pompa e circunstância da época! Os cenários, os figurinos, a trilha sonora, a bela fotografia, tudo é interessante, mas o que torna essa obra realmente especial são três fatores: o diretor e roteirista Alan Rickman, o ator Alan Rickman e a extraordinária Kate Winslet, que com a naturalidade e o talento que lhe são peculiares torna notável mais essa personagem que interpreta, inclusive intensificando os momentos de emoção. Também atua no filme um dos atores mais presentes do cinema atual, o belga Matthias Schoenaerts, sendo também sempre destacável o multitalentoso Stanley Tucci. Um filme com momentos excelentes, inclusive na parte final, encerrando com uma vista arrebatadora e que complementa a informação que o introduz.  8,8

 

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A BRILLIANT YOUNG MIND (X + Y)

MV5BMjA1NjM5Mjc3MF5BMl5BanBnXkFtZTgwNTkxODQzNjE@._V1_SX214_AL_Um filme britânico de 2015 muito bonito e edificante, para toda a família. Desperta emoções, mas não de maneira piegas ou sentimentalóide. As emoções são decorrências da verdade, das virtudes, mas de fatos comuns e humanos, embora envolvendo pessoas incomuns em seu tema central: os participantes da Olimpíada Internacional da Matemática, competição que agrega os jovens mais talentosos do mundo nessa área. O protagonista, brilhantemente interpretado por Asa Butterfield, é um menino especial e que vê a vida e as coisas de forma diferente, com dificuldades explicáveis de adaptação, mas alguns acontecimentos podem mudar alguns parâmetros e nesse ponto o filme passa a ser mais interessante ainda, até um tanto imprevisível, porém sempre extremamente bem dosado nas cenas e nos sentimentos que passa. Não nos sentimos manipulados em momento algum e podemos apreciar uma bela história, feita com cuidado, respeito, honestidade e muita competência pela dupla James Graham (roteiro) e Morgan Mathews, este último o diretor. Lançamento nos EUA programado para setembro de 2015, uma agradável surpresa. 8,8 

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L´AFFAIRE SK 1

gSioJrJ5Wpb4ODvnabgBIMVIjyZUm excelente policial francês, apenas econômico em termos de ação, mas porque se trata de um filme investigativo. Mesmo assim, pelo ritmo e pelo suspense, pode ser enquadrado na categoria de thriller. Acompanha vários casos de assassinatos não solucionados ao longo de vários anos e a investigação da polícia em busca da conexão entre esses fatos e também do assassino ou dos assassinos. Com maestria, o diretor Frédéric Tellier conta a história, de uma maneira que nos faz seguir com interesse e curiosidade as investigações, mostradas de uma forma objetiva, mas realista e inteligente. Ficamos inclusive instigados quanto à suspeita de se tratar de apenas um assassino, um serial killer, responsável por todas as mortes, geralmente na parte leste de Paris e sobre quem seria ele. O filme não mostra as cenas dos assassinatos, preferindo ser sutil quanto a isso, embora choque pelos momentos posteriores a cada crime (pois mostra os cadáveres das moças nuas, expostos às fotos e aos exames dos legistas  – aqui já se constata não ser um filme para todos os gostos). Não é um filme totalmente linear, mas quando mostra fatos do passado o faz com muita propriedade e sem qualquer quebra de coerência ou de interesse. O roteiro também tem o mérito de aprofundar não só as ações policiais, mas também de escancarar alguns conflitos dentro da própria polícia e principalmente o impacto/estresse que o dia a dia (frustrante) dessas investigações vai causando nas pessoas e nas vidas dos agentes. E um dos policiais, principalmente, recebe o foco da atenção, porque foi o que nunca deu trégua na busca do chamado SK1 (SK=“serial killer”). O filme é extremamente bem feito e na parte final se torna ainda mais forte e realista, trazendo algumas cenas marcantes, como o diálogo do suspeito, primeiro com a advogada e logo depois com o jovem policial, e principalmente o diálogo final, entre esse acusado e seu advogado (com reflexos nos presentes), que também provoca bastante emoção no espectador, tal a intensidade dramática quanto ao desempenho dos atores, principalmente do acusado (Adama Niane), digno de um Cesar (Oscar francês). O elenco, aliás, é todo ótimo. Baseado em fatos reais, como de praxe o filme nos créditos finais revela o destino dos principais personagens, inclusive do que ficou conhecido como “A besta da Bastilha”.  9,0

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MICHIEL DE RUYTER

MV5BMTUzNzU1MzcxNV5BMl5BanBnXkFtZTgwOTQ4NjU2MzE@._V1_SY317_CR5,0,214,317_AL_Baseado na vida do mais famoso almirante da história da Holanda, este filme holandês de 2015 é surpreendente. O personagem se destacou principalmente nas batalhas navais – e estratégias – contra a Inglaterra, no século 17, mas não é apenas a sua biografia que surpreende, inclusive pelo fato de fisicamente o personagem ser quase um anti-herói, baixo e gordinho. O que se destaca neste ótimo filme de ação (e história) são as imagens, a edição, o movimento de câmera (ponto fortíssimo) e a trilha sonora em conjunto. Portanto, grande mérito também para o diretor, Roel Reiné.  A história das estratégias – que de fato são vitais e raramente aparecem nos outros filmes do gênero – nas batalhas no mar e as cenas de ação se tornam realmente especiais graças ao ritmo do filme e aos enquadramentos de câmera, gerando muita adrenalina no espectador, com alguns visuais arrebatadores. Embora o filme assuma às vezes umas feições de vídeo clip, a história é realmente muito interessante, original nas cenas, inclusive pelo fato de dar destaque à vida doméstica do personagem e mostrar facetas da população que parecem realmente muito próximas à realidade – inclusive com a participação natural das crianças. Aliás, a cena inicial, pela qual vamos acompanhando o caminho da câmera indo buscar o que a população se aglomerou para ver na praia é espetacular e já prenuncia um filme diferente e de qualidade. No final principalmente – deve ser destacado o fato -, o filme tem uma ou outra cena mais forte, que talvez não sejam recomendadas para pessoas que não toleram imagens de tortura e violência bárbara.  8,8

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THE DROP (A ENTREGA)

the-drop-dvd-cover-97Uma palavra para definir o clima deste filme: tenso! E na parte final vai ficando cada vez mais. Esse suspense, que torna dramáticas e acentua situações cotidianas, de aparente normalidade, obviamente envolve uma trama criminosa por trás das aparências. A direção, a adequada e forte trilha sonora, a notável edição e o excelente elenco constroem um filme de inegável qualidade. Que se define também pela excelência do equilíbrio e pelo interesse do roteiro. Não sabemos onde a história nos levará e nem quando a calmaria vai – e se irá – ser rompida. Mas essa sensação é permanente. Um filme muito acima da média, dirigido pelo belga Michael R. Roskam e estrelado por James Gandolfini (que dispensa comentários e inspira a sensação de perigo cada vez que aparece) e um trio que tem atuado em muitos filmes ultimamente, com grande talento e competência: Tom Hardy, Noomi Rapace e Matthias Schoenaerts.  Muito acima da média, com diálogos precisos e ótimos, inclusive o final, entre o policial e Bob. Uma obra realmente perfeita e acabada.  9,0

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INVASORES – NENHUM SISTEMA ESTÁ A SALVO (WHO AM I – KEIN SYSTEM IST SICHER)

who-am-i-kein-system-ist-sicher_tNone_jpg_290x478_upscale_q90Pelo título – que no original inglês é o apelido de um hacker, por isso sendo o mais adequado -, já se adivinha o tema do filme: hackers. Mas é um thriller alemão, o que não é tão comum, ainda mais considerando que o ritmo do filme (e a trilha) é de vídeo clip, mantendo o interesse de forma permanente, em clima de ação e suspense intensos. Uma história interessante e muito bem contada sobre como pode nascer um hacker (a invisibilidade…), sobre os super hackers e até a rivalidade que existe no mundo virtual, sobre a máfia cibernética etc., em um mundo contemporâneo em que os hackers atuam e ao mesmo tempo os governos e as grandes corporações buscam se defender dos ataques cada vez mais frequentes e ilimitados/aprofundados. Certamente um dos melhores filmes já feitos sobre o tema, embora algumas interpretações sejam menos densas e haja um ou outro fato bastante inverossímel. Mas o conjunto compensa com sobras as pequenas falhas e com o ótimo final (com surpresa) se esquece totalmente delas. O protagonista é o ator alemão Tom Schilling, que participou de diversos filmes, como Suite Francesa, A dama dourada, Os filhos da guerra e o diretor, o suíço (apesar do nome) Baran bo Odar.  8,5

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CRIMES OCULTOS (CHILD 44)

Crimes-OcultosUm filme anglo americano bem acima da média dentro do gênero, porque tem qualidade de roteiro (adaptado do primeiro livro de uma trilogia do britânico Tom Rob Smith), direção e elenco, fora fotografia, direção de arte, figurinos e trilha sonora. Um drama policial de suspense ambientado na Rússia – de Stalin e da polícia secreta – nas primeiras décadas do século XX, mas é como se passasse na Alemanha nazista, com o domínio da força bruta, do racismo, da insensatez e com o perigo rondando permanentemente. Mesmo começando com uma temática já interessante e personagens muito bem delineados, o filme acaba seguindo um outro tema, incidental, e que acaba sendo o foco principal de toda a ação: por isso o título do filme (original), que representa um numeral ordinal. Um filme muito bem construído, dirigido (Daniel Espinosa, de Protegendo o inimigo) e sobretudo interpretado, por um elenco tão famoso, quanto competente e que nos brinda com algumas atuações realmente espetaculares: Tom Hardy, Noomi Rapace, Gary Oldman, Joel Kinnaman, Vincent Cassel, Paddy Considine, Nicolaj Lie Kaas, entre outros. Uma frase importante e que consta já da introdução do filme: “não há assassinos no paraíso” (investigar homicídio não interessa ao Regime). Muitas cenas de mistério, suspense, que se acentuam na parte final, sendo também notável o realismo das lutas, com destaque para a cena no vagão. De negativo, achei apenas alguns furos no roteiro, envolvendo o personagem principal e sua vulnerabilidade e alguma continuidade, mas esses fatos diante do conjunto não justificam algumas críticas negativas e radicais que tem sido feitas. De resto, um fecho coerente e emotivo, resolvendo uma situação delicada pendente.  8,7

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LONGE DESTE INSENSATO MUNDO (FAR FROM THE MADDING CROWD)

longe-deste-insensato-mundo_t79290_jpeg_290x478_upscale_q90O filme é baseado no livro – que já foi adaptado mais de uma vez – escrito em 1874 por Thomas Hardy, novelista e poeta inglês. Esta versão é de 2015 e a personagem que tem o nome tão estranho como a alma independente (Bathsheba Everdene) é interpretada pela carismática atriz inglesa Carey Mulligan, que também atuou em “Educação”, “O grande Gatsby”, “Shame”, “Drive”, entre outros. O estilo do filme é de O morro dos ventos uivantes, misturando drama, com romance, com cheiro de épico. Até lembra aqueles filmes baseados em obras de Jane Austin, mas não com a mesma densidade. Há algum suspense e cenas muito interessantes de jogos ou indecisões amorosas, outras até fortes e inesperadas. A ressalva é que o filme tem momentos ótimos e outros mais fracos, parecendo ter algumas quebras, como se fosse uma minissérie, com personagens ou tramas pela metade ou mal resolvidas. Mas no todo, um bom filme e que para algumas pessoas – talvez do sexo feminino – pode agradar bastante! – 7,7

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HOMEM FORMIGA

BFOOT_BRAZILO mais legal deste filme Marvel é que seu tom de comédia já deixa claro que não deve ser levado tão a sério, afinal o que vai se ver é pura diversão, sem qualquer compromisso com a realidade. Ou será que um homem que fica do tamanho de uma formiga é para se encarar com seriedade? Mas esse tom de comédia não impede que o filme tenha um timming perfeito, poucas vezes alcançado em filmes desse gênero. Aventura, ação, efeitos especiais espetaculares, tudo isso é costumeiro (embora aqui os efeitos tenham que ser especialíssimos para o que vai ser apresentado), mas neste caso o equilíbrio também alcança o roteiro e a criatividade: alguns situações são espetaculares e muitíssimo bem sacadas, inteligentes mesmo. A minha ídola Isabela Boscov, crítica de cinema da VEJA, definiu o filme como uma surpresa e um “sucesso criativo” (e assim é), contando que levou anos para que algo específico (um filme próprio) de um dos menos famosos dos Vingadores originais fosse tido como uma boa ideia. Com Paul Rudd, a bela Evangeline Lilly (Lost), Michael Douglas e Michael Peña, entre outros, dirigido por Peyton Reed, sem dúvidas um agradável e surpreendente passatempo!  8,5

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UM MILHÃO DE MANEIRAS DE MORRER NO OESTE

million_ways_to_die_in_the_west_posterAUO cartaz já diz tudo: é uma comédia. Mas não é uma comédia comum. Primeiro porque é um faroeste e segundo porque é para adultos, com algumas piadas mais pesadas e situações picantes, tudo fazendo parte do humor ácido (às vezes até pastelão e de gosto duvidoso), recheado de boas tiradas, não sendo nem um pouco politicamente correto. Na verdade, humor negro mesmo e bastante anárquico, inclusive porque todo o filme se apresenta como os grandes westerns, nesse sentido deixando claro tratar-se de uma homenagem ao gênero: na abertura do filme, com música e letreiros típicos, contemplamos as poderosas, belas e conhecidas paisagens do Arizona e ao longo da história vamos vendo todos os velhos clichês dos faroestes, entre eles o saloon, os duelos, o mocinho que aprende a atirar, os índios, as cavalgadas etc. Tudo fazendo parte da diversão, mas sobressaindo a criatividade por parte de quem conhece o ofício, mas optou pela ironia e pelo impiedoso cinismo. Dirigido e roteirizado pelo ator principal Seth MacFarlane, o filme tem ainda a belíssima Charlize Theron, além de Amanda Seyfried e Liam Neeson.  8,5

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THE WOMAN IN GOLD (A DAMA DOURADA)

Dama DouradaO filme mostra fatos históricos muito interessantes, que relacionam a Segunda Guerra na Áustria ocupada e os judeus que tiveram suas vidas afetadas e seu patrimônio furtado ou confiscado pelos nazistas, inclusive obras de arte. Mas a época do filme é a  atual e seu ponto principal importante obra do famoso pintor austríaco Gustav Klimt e a suposta restituição do quadro a quem o reivindica como herdeira, uma austríaca judia, sobrevivente da guerra e residente nos Estados Unidos. Um filme dirigido por Simon Curtis (de Sete dias com Marilyn) e interpretado pela fabulosa Helen Mirren e por Ryan Reynolds, que está muito bem, tendo de quebra Katie Holmes e Jonathan Price. Passeamos pela história principalmente pelos significativos flash backs, vivenciando o horror das pessoas tendo de abandonar suas pátrias, a perseguição aos judeus, o colaboracionismo entre o povo austríaco e a vida da personagem, enquanto criança e também quando jovem. Tudo é meio romanceado, inclusive a questão envolvendo o direito internacional, mas pode-se dizer que o filme vale por uma minissérie: pelo ritmo e pelo capricho, havendo um permanente interesse nos fatos e no desfecho. Uma frase bem importante e que acaba definindo tudo: “As obras de arte roubadas pelos nazistas são as últimas prisioneiras da II Grande Guerra”. Seja como for, os valores com os quais o filme mexe são caros a todos nós, tendo sido exibido no Festival de Berlim. A revisita ao passado na parte derradeira do filme é absolutamente tocante e nos créditos finais se confirma a nossa suspeita, de que o filme foi baseado em fatos reais.  8,6