MR. TURNER
Um homem carrancudo, o que acentua mais a sua feiura; avesso às convenções sociais, mas por ser independente em sua arte. E é justamente nesse ponto que reside a sua força: a pintura. Temas marinhos principalmente, sua obsessão, a ponto de se sujeitar a ser amarrado em um mastro em meio a uma tempestade no mar, para tornar mais realista a sua pintura. O filme abre com uma fotografia maravilhosa, em cena que parece um quadro, já dando uma amostra da beleza formal que vai perdurar até o final. A reconstituição de época é magnífica e embora a história não tenha grandes arroubos e não empolgue muito (agravada por alguns momentos de depressão e por ser um longa metragem), os fatores citados e mais a direção de Mike Leigh e a interpretação fabulosa de Timothy Spall, fazem com que seja interessante esse percurso mostrando a vida de Joseph Mallord William, inglês considerado um dos mais importantes pintores (século XVIII para XIX) no que se refere ao estudo da luz. É tido inclusive como o precursor do impressionismo. Justamente nesse tema é que o filme cresce, mostrando que a novidade dos traços e da visão do artista sobre o mundo (luz, cores, borrões…) não é bem aceita na época, fazendo de Turner inclusive motivo de chacota. E também apreciamos, em curtas cenas, os primórdios da fotografia, com o pintor dialogando com curiosidade com o fotógrafo, recém chegado dos EUA. Outro ponto forte do filme é a trilha sonora, que principalmente na parte final do filme acompanha com precisão os tormentos íntimos do personagem. 7,6