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PARTÍCULAS ELEMENTARES (Elementarteilchen)

Um filme para gostos especiais. Porque é um filme alemão “de arte” e o cinema germânico é bastante cru em certos aspectos, ao abordar a realidade. Ainda mais a sexualidade. Portanto, é recomendado para adultos. Aqui somos apresentados à vida pessoal e amorosa de dois irmãos, que não foram criados juntos e que têm dificuldades sociais e suas próprias obsessões e frustrações, cada qual com seu particular temperamento. Acompanhamos muitos fatos por flash backs e são abordados diversos temas provocantes que orbitam em torno do que parece ser um percurso devotado à psicanálise e a algumas ideias de Freud. Portanto, há aqui um vasto material para apreciação e estudo, até porque foi baseado em obra literária polêmica. De todo modo, vai agradar a alguns e tem boa trilha e fotografia e ótimos desempenhos.  7,8

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FLECHAS DE FOGO

Um grande prazer ver um faroeste antigo, daqueles bons, enfocando o Arizona de 1870 (Estado americano do Grand Canyon), os confrontos entre brancos e apaches e as questões de sempre, das terras indígenas invadidas pelos homens brancos (imensas planícies, cerco a caravanas, escalpos…), mas com uma maior profundidade. Em technicolor e com aquelas trilhas sonoras de antigamente, que invocavam a bravura dos pioneiros, é estrelado pelo maravilhoso e versátil James Stewart e tem muito mais a apresentar do que os meros conflitos por questões de terra. É um filme com roteiro (que concorreu ao Oscar 1951) e com um libelo pacifista. Tanto, que ganhou o Globo de Ouro 1951 de Melhor Filme de Compreensão Internacional. E que além do elenco, também composto por Debra Paget e Jeff Chander (que concorreu ao Oscar 1951 de melhor ator), apresenta uma bela fotografia e um ótimo roteiro (que igualmente concorreu ao Oscar) com questões bastante interessantes sendo aprofundadas, como a percepção de existir humanidade nos índios, a consciência da necessidade da paz e de alguém que se preste a ser uma espécie de embaixador, enfim, um filme que segundo a American Cowboy Magazine ocupa  o 21º lugar entre os melhores westerns de todos os tempos. O título em inglês significa “flecha quebrada” (Broken arrow), que é muito mais adequado do que o colocado para o mercado brasileiro (para variar) e altamente significativo dentro do contexto do filme.  8,8

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RAINHA DE KATWE

Muita humildade e simplicidade, em um drama baseado em fatos reais e que em certas cenas nos coloca diante de uma contundente realidade sócio-cultural. Por vezes parecendo ser romanceado demais, maniqueísta demais, o filme segue uma linha dramática, que de um momento para o outro contrasta a beleza e a alegria das cores fortes, com as adversidades chocantes da miséria legítima. Nesse ponto é que floresce sua principal virtude, que é a de mostrar o inusitado, o surpreendente paradoxo: justamente em meio a doenças, inundações e de destinos que já parecem traçados, surge ou renova-se a esperança sob a forma de um inesperado talento. O ótimo elenco também contribui para que o espectador acabe se concentrando apenas nos pontos positivos do roteiro.  7,5

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WILSON

A atuação de Woody Harrelson neste filme é magistral. E o personagem merece. Porque se trata de alguém que é difícil a gente acreditar que existe: sujeito estranho, meia-idade, neurótico, antissocial, sem qualquer “verniz” nas ações e por isso mesmo de uma pureza às vezes brutal.. E a cara do ator ajuda! Alguém que ataca de frente as restrições, as limitações sociais, os comportamentos… Parece um louco às vezes. O filme explora esse fato com todas as cores possíveis, sendo um drama misturado às vezes com humor negro, mas que na verdade procura mostrar uma realidade que é a de se buscar talvez a pureza, a verdade nas relações, a essência do ser humano, camadas abaixo da aparência que forja. Pode divertir, sensibilizar, fazer refletir. Com Laura Dern.  8,0

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BLACK BUTTERFLY

Este é um drama americano de suspense com Antonio Banderas. O ator aqui está longe de alguns papéis de galã que interpretou no Cinema e faz papel de um sujeito normal, escritor de livros, em fase de dificuldade criativa. O thriller também tem a importante presença do premiado ator irlandês Jonathan Rhys Meyer. A crítica e o público deram conceitos bem variados, havendo um bom número de espectadores que criticou o desempenho de Banderas e achou as reviravoltas do filme forçadas ou medíocres em termos de criatividade ou resultado. Na minha opinião o Banderas foi bem, Rhys Meyer ótimo e fui surpreendido pela parte final do filme. Achei muito boas as surpresas. Talvez apenas o desenlace final não fosse necessário porque o caminho – surpreendente – até ali já era satisfatório.  7,9

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LA MECANIQUE DE L´OMBRE

Um filme com aquele ator francês extremamente parecido com o Dustin Hoffmann: François Cluzet. Um thriller na verdade e na perfeita e exata acepção da palavra, porque o filme tem tensão e suspense o tempo todo, deixando o espectador atento e interessado no desdobrar dos acontecimentos. Em português o título que se anuncia é “Violação de confidencialidade”. Claro que o título original é muito melhor e mais adequado. Pelo mistério e por nos deixar ansiosos em desvendar os caminhos que vão seguindo junto com o personagem nas insólitas atividades que presta para o misterioso empregador, um filme interessante e que merece ser apreciado.  7,9

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COME AND FIND ME

Trata-se de um thriller, definição mais fácil porque em muitos momentos o filme mistura gêneros. Ao longo do filme há boas cenas, mas também muitos instantes em que o roteiro parece titubear, sobrando intenções e faltando consistência. Algumas soluções inclusive beiram o ridículo. O casal também não tem a química esperada. E alguns flashbacks são enfadonhos. Mas, no todo, apesar das irregularidades e da pouca criatividade, vale principalmente pela sempre intensa atuação de Aaron Paul (de Breaking bad), pelo suspense, por alguns momentos muito bons e por ser imprevisível no seu enfoque principal, o que na atual conjuntura já é um mérito. Por que Cinema também é isso. 7,7

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CHUPACABRA TERRITORY (LAIR OF THE BEAST)

Jovens vão acampar em uma floresta proibida, para investigar uma lenda urbana. E tudo é filmado com uma câmera na mão, não por acaso lembrando em tudo A bruxa de Blair. O filme é praticamente uma cópia, com outros poucos ingredientes adicionados. Na verdade, não há nada de novo e facilmente se consegue prever como o filme se desenvolverá, do começo ao fim. Entretanto, se de um lado falta qualquer originalidade, de outro deve se reconhecer que o suspense e o terror são muito bem feitos, a atmosfera extremamente bem construída, graças ao estilo de filmagem e à direção e interpretações, que em muitos momentos fazem com que o espectador viva a realidade que se passa na tela, por esse motivo sentindo o suspense e o horror de viver a situação enfocada. Sob esse aspecto, o filme dá o que promete. E é o objetivo: mostrar os fatos, como se fossem reais e o espectador fazendo parte do grupo. Sob esse enfoque, uma boa diversão.  7,6

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O MONSTRO DO ÁRTICO (THE THING FROM ANOTHER WORLD)

A condição primeira para ver esse filme é gostar do gênero (ficção científica/terror). A segunda é apreciar filmes antigos, porque se trata de uma produção em preto-e-branco de 1951. Que, como o próprio nome diz, tem sua ação toda concentrada no Polo Norte e envolve um “monstro” que os cientistas terão que enfrentar. Na época, o filme fez muito sucesso e ainda hoje se pode notar nele muitas qualidades, de roteiro (alguns diálogos, um bom suspense até aparecer a criatura…), de personagens, de ritmo, fotografia e trilha sonora, sob as mãos do versátil diretor Howard Hawks (Jejum do amor, Scarface – a vergonha de uma nação, Sargento York – citado em um dos diálogos – À beira do abismo, Onde começa o inferno. Os homens preferem as loiras, Rio vermelho…). Os pontos negativos do filme são todos concentrados no roteiro, que tem diversas inconsistências e uma ou outra tolice. Mas não se trata de bobagens incorrigíveis, apenas fatos aos quais não se deu talvez a devida importância (como, por exemplo, a morte de dois cientistas que fica por isso mesmo, sem uma sequência, como se não tivesse existido). O ator que interpreta o cientista também é ruim. Mas no todo, ainda mais considerada a época da produção, o filme é ainda uma boa diversão e certamente se destaca entre as várias realizações das décadas de 50 e 60.  7,8

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THE CRONICLES OF EVIL

Um surpreendente filme policial. Primeiro, porque é um thriller sul coreano e não tem sido muito divulgado que o cinema desse país está tão evoluído dentro do gênero, em termos de qualidade de produção e de roteiro. Segundo, porque, mesmo colocada de lado a nacionalidade, trata-se de um filme dinâmico, com diversas surpresas, uma trama bem construída e que também contém lances e personagens interessantes. Fica claro que o cinema da Coreia do Sul “bebeu” de diversas fontes. Mas não é sempre assim? E o faz com muito talento e competência, imprimindo suas próprias “cores” e com isso apresentando um roteiro consistente e imprevisível e começando a produzir algo diferenciado e de destaque. Um cinema em franca evolução. A única “estranheza” que parece haver – por mais que sejam “ocidentalizados” muitos aspectos – diz respeito aos próprios hábitos e costumes coreanos, que são bem diferentes daqueles que costumamos ver nos dramas policiais americanos, ingleses, franceses, espanhóis, dinamarqueses…Mas, superado o problema de adaptação (se houver), passa-se a admirar o estilo e a usufruir prazerosamente das virtudes do filme, que são inúmeras.  8,8

 

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HELENA DE TROIA

Muitos filmes foram feitos sobre a famosa Guerra de Troia. Este é de 1956, dirigido por Robert Wise (Amor sublime amor, A noviça rebelde…) e com as belas Rossana Podestá e Brigitte Bardot (como uma escrava/serva). Apesar das escavações feitas perto de Istambul (final do século 19) e que encontraram diversas cidades enterradas, sobrepostas, com evidências da existência de Troia, esse fato ainda permanece obscuro. Assim como também não se sabe se Homero realmente existiu e se teria escrito, muitos séculos após os supostos acontecimentos, o poema Ilíada, no qual o filme se baseou. O certo é que não se sabe o que foi real e o que é meramente lenda. Ou qual a dose de realidade inserida na mitologia…mas esta certamente apimenta as suspeitas e os permanentes estudos sobre alguma verdade histórica existente em torno dos relatos envolvendo heróis, reis, deuses, vaidades, honra, política, batalhas e conquistas. No caso, a Guerra de Troia teria ocorrido a partir do rapto de Helena (filha do rei Menelau de Esparta, cidade-estado da Grécia) por Páris (filho do rei Príamo de Troia), mas suspeita-se que causa vital da batalha foi o domínio sobre o Helesponto (estreito de Dardanelos), importante ponto da rota comercial entre os mares Mediterrâneo/Egeu e Negro. Troia teria existido onde hoje se localiza a Turquia e sua destruição encerrado a Idade do Bronze (dos aristocratas), que foi sucedida pela Idade do Ferro. O cinema em uma determinada época costumava com frequência ter como tema a mitologia grega. Foram comuns, principalmente nos anos 50, produções italianas (neste caso com co-produção americana) retratando as histórias de Ulisses, de Teseu, da Medusa, do Minotauro, de Heitor, Aquiles, Hércules, Jasão…Filmes com muita ação, diversão, romance, heroísmo…E alguns, como no caso deste filme, com cenas notáveis para a época, incluindo alguma surpreendente profundidade de roteiro: vemos com prazer as centenas de navios gregos cruzando o mar Egeu, o cerco que durou anos, diversas cenas de batalhas, o famoso estratagema do cavalo de Troia…. O que importa aqui é a aventura, o romance e a ação e desfrutar do ótimo entretenimento que esses filmes oferecem, ainda mais sendo vistos agora, resgatando uma época e heróis que povoaram a imaginação de crianças e jovens. 8,0

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THE EXCEPTION (THE KAISER´S LAST KISS)

A história é conhecida, isto é, o roteiro não tem novidade alguma nesta produção britânica recente. Mas a “roupagem” (a forma) é atraente e envolvente, porque se trata de uma produção de grande qualidade, em todos os sentidos. Inclusive a atuação de Christopher Plummer, fazendo um personagem forte e com tiradas irônicas a respeito de assuntos sérios (envolvendo SS, Gestapo etc.) de uma época que já não era mais a sua. Além dele, todo o elenco é muito bom, com destaque para Lily James – a Cinderela – interpretando Mieke e Eddie Marsan interpretando o chefão alemão Himmer. Perfeitos também a trilha sonora, a fotografia e a edição, que dão ótimo ritmo ao filme, o qual confronta as ideias e atos nazistas com a ideologia dos que pertenciam ao regime até então vigente – desse aspecto, inclusive, vem o nome do filme (“A exceção”) e o roteiro esclarece isso. Um diálogo muito significativo entre o capitão e o coronel: “Um oficial pode ser leal a algo maior que seu país?” “Primeiro ele deve responder à pergunta: o que é o meu país? Ele ainda existe?”  A parte final do filme é empolgante, sem esquecer algum lirismo como o do diálogo entre o Kaiser e a esposa (a excelente Janete Mc Teer) e também o das derradeiras cenas. Em suma, alguns clichês, mas que, afinal, não fazem mal algum (e muitos são desejados até!), em um filme tão bem feito como aqueles minisséries que a boa TV passa, sobre os dramas da Segunda Guerra, que nos deixam depois com a sensação acalentadora e invencível da vitória do bem sobre o mal.  8,8

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KISS ME DEADLY (A MORTE NUM BEIJO)  

Trata-se de uma produção americana de 1955, dirigida por Robert Aldrich (O último pôr do sol, O que terá acontecido a Baby Jane, O voo do Fênix, Os doze condenados…). Há os fãs e há os que viram no filme uma miscelânea de virtudes e defeitos. E que é o meu caso. O que primeiro chama a atenção no filme é a maneira original de serem apresentados os créditos iniciais. Em seguida, a magnífica fotografia! Realmente, nisso o filme é exuberante (o diretor de fotografia, Ernest Laszo, ganhou vários prêmios por seu talento, inclusive um Oscar). Depois, o filme tem os vários ingredientes do cinema noir: um mistério a ser desvendado, pistas que vão indicando algum caminho para o detetive às voltas com o perigo o tempo todo, o barman conhecido, o número de blues ao som do piano, diálogos afiados etc. E além de tudo uma sensualidade incomum para a época. Então por que não é um clássico? Na minha opinião pela inconstância dos aspectos positivos e negativos do roteiro, pela falta de carisma do galã (embora tenha o ótimo nome de Mark Hammer, faça o tipo do detetive habitual e seja esforçado), por algumas performances irregulares (a loirinha é muito ruim) e por uma ou outra cena bisonha – apesar de ser festejado pelos críticos, o final para mim soou mais ridículo do que outra coisa. Mesmo assim, pelo lado positivo e pela curiosidade e tensão, já a partir da sua primeira cena (reitero: com a ótima fotografia!), merece destaque entre as produções noir da época.  7,8

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AT WAR FOR LOVE

De Ettore Scola (Nós que nos amávamos tanto, Casanova e a revolução, O baile, Um dia muito especial…), um filme que mistura gêneros, incluindo o pastelão italiano. Mas por sorte (ou não, considerando quem dirige) o pastelão fica apenas en passant e aqui está a serviço de um objetivo maior do roteiro, que no contexto final apresenta muito mais do que inicialmente aparenta. Pois uma comédia meio anárquica, meio romântica, que se passa em plena segunda guerra, na verdade serve de suporte para um roteiro de forte cunho político, apresentando fatos que apontam a invasão aliada na Sicília como causa principal do fortalecimento da Máfia naquela região. A denúncia é forte, mas justamente está habilmente diluída nesse mix de seriedade com piadas, aliás bem típico do cinema italiano. De todo modo, o filme tem cenas muito divertidas, interessantes, algumas até geniais…e é uma surpresa permanente, sendo esse também um aspecto saboroso seu.  8,5

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NEVE NEGRA

Era uma vez uma família com três irmãos e uma irmã, que moravam em uma casa rústica em meio ao frio e à neve. O irmão mais novo morre e, segundo divulga o jornal local, em uma avalanche…E agora, na fase adulta, vários dramas assombram os sobreviventes. São os fantasmas do passado e que darão as necessárias respostas mas só aos poucos, no ritmo em que vão se desenrolando os fatos do presente (convivendo com os flash back necessários). Personagens tensos, diálogos secos, muitos silêncios, tudo contribui para o mistério e para o clima do filme, que é de permanente suspense e tensão, potencializados pela fotografia (sombrios cenários de neve…lobos à espreita…) e pela excelente trilha sonora. Um thriller muito interessante, co-produção Argentina e Espanha, com ótimo elenco (Ricardo Darín, Leonardo Sbaraglia, Laia Costa…) e que guarda para o seu desfecho um ou dois fatos realmente surpreendentes.  8,8

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O GRANDE MOTIM (1935)

Esta é a versão com Clark Gable e Charles Laughton (excelente vilão). E o que se percebe pelo galã que era Gable (bonitão e carismático), é que este filme foi um importante “trampolim” para que quatro anos mais tarde ele estrelasse o clássico E o vento levou. Um filme de aventuras e que em sua introdução já ressalta a importância dos fatos narrados e que acabaram alterando a realidade da marinha britânica, no que se refere à relação de hierarquia nas embarcações (entre os capitães e a tripulação). Esse aspecto realmente é importante e, na verdade, o âmago do roteiro, em um filme em preto e branco e que de modo algum parece ser algo de 80 anos atrás e não do cinema relativamente recente. O filme encanta pelas cenas de ação, pelos personagens e cenários, principalmente nas cenas paradisíacas, as quais também transmitem a mensagem de que é possível encontrar a felicidade longe da armada britânica e da rigidez imperialista. Ganhou o Oscar de Melhor Filme e curiosamente não ganhou o de Melhor Ator, embora tenham concorrido a esse prêmio simplesmente três dos atores do filme (fato inédito até hoje na história do Oscar): Charles Laughton (Capitão Bligh), Clark Gable (Tenente Christian) e Franchot Tone (Roger Bryan).  8,7

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THIS BEAUTIFUL FANTASTIC

Este filme é simples, muito bonito e para todas as idades. Tem o estilo “conto de fadas” e lembra em alguns aspectos Amelie Poulin. É uma história divertida, leve e que nos toca pela inocência, pelas boas intenções e bons exemplos, pelo lado bom do ser humano, exercendo sua generosidade e compaixão. A fotografia é muito viva e a trilha sonora perfeita para o enredo, levado à tela com muita delicadeza. A atriz principal, Jessica Brown, é perfeita para o papel, pois possui uma beleza limpa e contagiante, ressaltada pelas cores radiantes do filme, no qual também brilha como sempre Tom Wilkinson. As lições que ficam são as de sempre persistir em busca dos objetivos e que a bondade sempre vale a pena e mais: que quaisquer que sejam os caminhos que seguimos, sempre podemos rever nossas atitudes e optar por aqueles que nosso coração indica. Aliás, não são as lições de todos os contos de fada?  8,8

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O ÚLTIMO PÔR DO SOL (THE LAST SUNSET)

Este é um faroeste de 1961 repleto de referências. Interessante que por alguns é considerado clássico e por outros apenas um filme razoável ou bom, com várias falhas. Seja como for, é um filme marcante e muito importante dentro do gênero. Primeiro, porque interpretado por dois ícones do cinema: Kirk Douglas (ótimo) e Rock Hudson, este último em atuação que poderia ser melhor (junto com a de Dorothy Malone) –  e o filme ainda tem Carol Lynley e Joseph Cotten. Segundo, porque dirigido por Robert Aldrich (Vera Cruz, O que terá acontecido com Baby Jane?, Os doze condenados…). Terceiro, porque o roteiro foi assinado por um personagem famoso na época da perseguição americana aos comunistas (a famosa lista negra do senador McCarthy) e que ganhou o muito corajoso apoio de Kirk Douglas na ocasião: Dalton Trumbo, que teve até um filme a seu respeito, estrelado por Bryan Cranston. Quarto, porque é um filme que reúne todos os elementos dos grandes westerns: paisagens amplas, aventuras, ação, drama, suspense, romance, gado sendo transportado a grandes distâncias, a aridez das terras e dos homens…e tem algo a mais além disso, pois o roteiro acaba explorando bem o íntimo dos personagens e faz com que dramas do passado venham à tona e encontrem seu desate justamente no momento que dá título ao filme. Poderia nesse instante ter uma fotografia melhor, é certo…enaltecendo as cores do pôr do sol…Talvez uma música mais marcante na trilha (se bem que o filme tem vários números musicais e até Kirk cantando), uma atuação mais convincente de parte do elenco…Mas pelo conjunto de suas virtudes, é sem dúvidas um belo e emocionante filme.  8,5

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LIFE

Um filme de ficção científica espacial, que começa diferente da grande maioria. Pelo seu “acabamento”, pela empatia do elenco (todos bons atores e atrizes) e pelos cuidados da direção e da edição, além, claro, da trilha sonora. Vemos as coisas acontecendo lentamente e o suspense vai aos poucos crescendo e despertando nosso interesse. Até virar um forte suspense. Mas isso até percebermos que já vimos tudo isso antes…Não demoramos a constatar que, no fundo, no fundo, a temática não tem nada de original. É apenas a repetição de coisas já vistas, apenas com uma diferente “roupagem”. O filme acaba sendo uma “colagem” de vários outros, principalmente de “Alien”, de quem rouba a ideia principal e a quem, aliás, faz uma clara homenagem. Mas está longe de ser equiparada à obra precursora de Ridley Scott. E por não ser algo criativo, o interesse diminui bastante e apenas nas cenas finais é que ocorre algum resgate dessa sensação, pela imprevisibilidade do que vai acontecer. E que acaba recompensando um pouco a expectativa pela surpresa que toma corpo.  7,7

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O MAGO DAS MENTIRAS

Esta história, muitíssimo bem dirigida por Barry Levinson (Bom dia Vietnã, Rain Main, Bugsy, Esfera, Você não conhece o Jack…), tem como foco o investidor Bernard Madoff, responsável pelo maior escândalo financeiro da história dos EUA (70 bilhões de dólares). Trata-se de um esquema complexo e desenvolvido exclusivamente por ele por mais de uma década,  de investimentos falsos em fundos falsos, envolvendo somas milionárias de centenas de clientes ludibriados: o esquema Ponzi, conhecido entre nós como Golpe da Pirâmide. Que aqui atingiu proporções até difíceis de acreditar, como mais difícil ainda foi crer que as pessoas à volta dele, principalmente esposa e filhos, ignoravam os fatos e eram também inocentemente manipulados. O filme discute, entre outros aspectos, a cegueira do poder que embriaga, que fez com que o protagonista aparentemente ignorasse que os atos que cometeu poderiam trazer consequências seríssimas e inesperadas. E que são, com a abordagem do aspecto humano, o ponto forte do filme, cuja linha de abordagem constitui mérito do diretor – que evitou os caminhos fáceis e conhecidos como ocorrem em vários outros filmes -, mas também (e com maestria) de Robert de Niro, ao construir um personagem nada caricato e cuja definição, por mais chocante que seja (como impactante é o filme), acaba sendo a das reticências da última e eloquente cena do filme. 8,5