HEMINGWAY AND GELLHORN
Um filme americano de 2012 com certo cheiro de épico, dirigido por Philip Kaufman, o mesmo cineasta de A insustentável leveza do ser, Henry & June, Os eleitos, diversos da série Indiana Jones…Mas não é um épico por lhe faltar certa substância, determinada profundidade, embora tenha bons e fortes momentos, com texto consistente. É um drama histórico, romanceando a vida do escritor Ernest Hemingway – interpretado pelo convincente Clive Owen – , mostrando-o como talento literário e ao mesmo tempo como polêmico e atormentado artista, sinônimo de masculinidade , um homem imprevisível e aventureiro, a ponto de se atirar de corpo e arma na guerra civil espanhola para combater o fascismo, de caçar um elefante ou de pescar um bicudo no alto mar azul. Centrado nesse personagem fascinante, o filme o insere em vários momentos importantes da história mundial, juntamente com uma das várias mulheres com quem se relacionou, a jornalista (correspondente de guerra) que dá nome ao filme, interpretada por Nicole Kidman – no início e no final da história muito bem caracterizada de “senhora” : na guerra civil espanhola, na segunda guerra mundial de Hitler, de Mussolini, na guerra Japão x China, mostrando as faces das batalhas, a miséria, a doença, os campos de concentração nazista, os vários horrores da guerra, enfim. Vamos acompanhando os personagens e vários eventos importantes na história da humanidade, inclusive em tons cinzentos para dar uma sensação mais realista às cenas, das quais muitas vezes os personagens parecem estar realmente participando. Uma biografia que envolve romance, história, ação e que, em suma, se trata de uma obra bem realizada. O restante do elenco também é ótimo, inclusive contando com o brasileiro Rodrigo Santoro, que faz um papel importante em determinado segmento da narrativa. Quase no final, achei brilhante (e tocante nos seus múltiplos significados) a cena do pássaro preto bicando a janela, lembrando uma máquina de escrever e refletido no olhar da personagem. 8,4