FORA DE CONTROLE (CHANGING LANES)

Às vezes um fato corriqueiro pode provocar consequências imprevisíveis e até o caos. Cuja teoria, com seu efeito borboleta, teve aplicações inúmeras a partir da física, defendendo a tese de que o bater de asas de uma borboleta pode, em determinado prazo e âmbito, ocasionar decorrências desastrosas. E assim dita o excelente roteiro deste thriller, que inexplicavelmente não teve o sucesso que merecia, deixando de ser divulgado e assistido como faria jus por sua majestade: chancelada pela excelente direção de Roger Michell (Um lugar chamado Notting Hill), pelas ótimas edição e trilha sonora, pelo ritmo vertiginoso e que não permite que o espectador tire os olhos da tela, isso além de uma atuação maravilhosa de todo o elenco, principalmente de Samuel L. Jackson, que dá um banho de talento em um papel a que não está acostumado a desempenhar no cinema. Um filme que de forma invulgar trata temas difíceis como a ética, as relações corporativas e a integridade dos negócios, a decência na conduta humana e a possibilidade de redenção, o rigor muitas vezes injusto da lei e assim por diante. Com elenco estelar, este filme de 2002 – e que se passa em Nova Iorque – nos brinda com o talento de Ben Affleck, Toni Collette, Sidney Pollack, William Hurt, Amanda Peet e com uma história que vai nos proporcionar diversos tipos de emoção, em razão de sua tensão, de seus temas e de seus desdobramentos inúmeros e até inesperados. A única questão discutível talvez seja a verossimilhança quanto à conduta de Gavin ao final, mas esse fato não é suficiente para retirar do filme seu impacto e sua qualidade. 9,5