EU ME IMPORTO (I CARE A LOT)

Primeiramente, desejo registrar que discordo de todas as críticas negativas sobre este filme e até mesmo (com o perdão da arrogância forçada) acho que a razão de muitas pessoas não gostarem dele é porque o encararam de um modo sério, quero dizer, como a um thriller dramático comum. Mas este não é um drama sério e sim um drama cômico, discretamente satírico e certamente crítico, com suspense e ação, estilo policial e que faz essas críticas contra o sistema, especificamente voltadas a instituições de idosos e ao poder judiciário. Só que o faz nas entrelinhas de um roteiro bem elaborado, criativo e imprevisível, dando a impressão de que são meramente acessórias, quando na verdade são fundamentais: o duelo dos criminosos (cada um com suas facetas e estilo!) é uma delícia e um atrativo à parte, até porque não adivinhamos que fim terá. Isso graças também ao talento e à empatia do trio central, formado por Rosamund Pike (Garota exemplar e que aqui está simplesmente perfeita!), Peter Dinklage (o Tyrion em Game of thrones) e Dianne Wiest (veterana e excelente atriz, com meia centena de filmes, entre eles A mula e vários de Woody Allen). O filme estreou mundialmente no Festival de Toronto em setembro de 2020 e é mais uma produção Netflix. Um filme realmente interessante (inclusive em seu final), com belas interpretações e constituindo uma ótima distração tanto ao criticar o way of life americano, quanto ao roteiro, repleto de criatividade e alternâncias. Direção do inglês de poucos filmes Jonathan Blakeson. 8,8