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EL DORADO

Um faroeste dos bons, muito melhor do que o antecessor do diretor (Rio bravo), mas mesmo assim é exagero colocá-lo entre os melhores da história do cinema (embora haja quem o faça). O diretor é o supertalentoso Howard Hanks (Jejum do amor, À beira do abismo, Rio vermelho -1948, Rio Lobo – 1970, Hatari…), que, contudo, perdeu a mão pelo caminho do filme.  Se ele tivesse continuado a “pegada” do início, talvez o resultado fosse um épico, mas a partir de certo ponto o roteiro se transformou em uma comédia e com isso perdeu força e atraiu inclusive muitos clichês. Pena. Howard Hanks foi um grande diretor e bastava seguir a mesma levada do início e teria um filme notável, um verdadeiro clássico. Porque elementos não lhe faltavam. As imagens são belíssimas, a história tem todos os ingredientes de perigo e violência dos westerns, há vários focos de interesse e o elenco é ótimo, sob o comando de Robert Mitchum e principalmente de John Wayne. Este, indubitavelmente o maior cowboy do cinema. Além de ser um homem imponente por sua envergadura física, John tinha carisma e total domínio de sua arte e das particularidades/necessidades do gênero: excelente cavaleiro, hábil com as armas, jeitão de bonachão e ao mesmo tempo corajoso, de leal aos amigos, poderoso contra os inimigos, atraente para as mulheres. O protetor ideal para os fracos e oprimidos. Embora aqui faça um papel extremamente parecido com o de Rio bravo, inevitável comparar. Mas a história do filme começa muito bem e empolgante, repleta de reticências e expectativas. Depois cai e não se recupera. Porque acaba praticamente um filme de sessão da tarde, conforme inclusive se vê claramente pelo comportamento dos personagens, entre eles James Caan, novíssimo, embora faça um papel importante. Ainda assim, é um filme divertido e interessante, embora não possa ser comparado aos grandes como Era uma vez no Oeste, Paixão dos fortes, O homem que matou o fascínora, entre outros. Também trabalha no filme, fazendo o papel do bandido da cicatriz e olho de vidro o conhecido ator Christopher George. Alguns, com razão, veem muitas semelhanças entre este filme, de 1966, e o citado Rio bravo, feito sete anos antes: além do papel de xerife para John Wayne, temos a mesma espécie de cidade, o xerife que tenta se curar do vício do álcool, o bando invasor (se bem que isso tem em todo faroeste!), o rapaz que de repente vira ajudante do xerife (vejam: em Rio Bravo esse ajudante era chamado de Mississipi; aqui, de Colorado) entre outros fatos que lembram o filme anterior, obviamente que de forma intencional. Só que este é muito mais bonito, criativo, mais bem dirigido, como se o anterior tivesse servido como uma experiência de amadurecimento. 8,4