EIFFEL
Filme francês de 2021, dirigido por Martin Bourboulon, cuja história se passa entre 1860 e 1889, contando a vida do engenheiro Gustave Eiffel, na época em que, após ter feito a base estrutural da Estátua da Liberdade (presente do povo francês ao americano e que aumentou o prestígio que o engenheiro já conquistara com a construção de belas e inovadoras pontes, entre outras obras), começou a projetar, com sua equipe, a ousada construção da Torre Eiffel, com o objetivo de torná-la a obra escolhida para celebrar o centenário da Revolução Francesa na Exposição Universal de Paris de 1889. Desde o seu começo, o filme anuncia ser baseado parcialmente em fatos reais e a história se passa em três épocas, duas delas sendo alternadas periodicamente (1860 e 1886), para que o passado explique certos fatos do presente. O filme tem importante caráter histórico e biográfico, mas também grande liberdade criativa, tornando difícil identificar os limites do que é história e do que é ficção, mas sendo certo de que seu lado romântico – que acaba sendo sua força propulsora, embora também celebre os ideais e o talento de Gustave e a própria engenharia (arquitetura do ferro), inclusive inventiva – foi totalmente criado para dar sabor ao enredo. E de fato assim se dá, de forma intensa e muito atraente, inclusive pelas belas interpretações de Romain Duris (O albergue espanhol, Bonecas russas) e Emma Mackey (Morte no Nilo, O segredo do lago). O orçamento do filme foi grandioso e incomum para filmes franceses (mais de 20 milhões de euros) e impressionam a reconstituição de época e as imagens da Paris do final do século 19, principalmente das etapas e dos detalhes da construção da Torre, que são também empolgantes, até mesmo por envolverem detalhes curiosos da engenharia e os diversos percalços que surgem, inclusive a oposição vinda de parte da imprensa, de intelectuais e da população, que protestava contra a obra, porque era caríssima e supostamente iria desfigurar a beleza da cidade e dos seus monumentos. Todos os elementos do filme são muito bem equilibrados, inclusive na porção romântica, nos poupando daquele ufanismo insuportável, que é característico, por exemplo, do cinema americano. Nesse sentido, Vive le France! Um trabalho harmônico, muito bem dosado, prazeroso, tocante e que traz ao nosso conhecimento muitos fatos interessantes (como a necessidade de combater os efeitos da meteorologia nas obras) e aos nossos sentidos bastante emoção. Trilha sonora de Alexandre Desplat, compositor francês premiado por várias obras, entre elas A forma da água, O grande hotel Budapeste e O discurso do rei (Emmy, Globo de Ouro e Oscar). Em síntese, um filmaço. 9,2