CORRA, LOLA, CORRA

Este é um filme alemão de 1998 de rico conteúdo e forma bastante original. Na verdade, é até filosófico, como se pode notar por algumas conotações do roteiro e pelo seu próprio começo (incluindo a citação inicial de T. S. Eliot). E possui vários simbolismos, nem todos fáceis de se perceber imediatamente. A maneira de contar a história realmente é diferente e eletrizante, até mesmo porque vemos os mesmos fatos (mas não exatamente) contados de três formas distintas (o mesmo personagem, diante de três destinos diferentes), como se fossem as opções que tomamos em nossas vidas, cada qual gerando consequências distintas, inclusive quanto às pessoas, aos coadjuvantes, que nos cercam. Muito interessante esse aspecto, assim como outros, por exemplo o tempo dos 20 minutos, a própria corrida com pouco suor pelas ruas de Berlim, o número no cassino, que é o mesmo 20. O significado sócio-político do filme não é escancarado, mas existe e é forte, embora mesmo sem absorver todo o seu contexto, a obra valha a pena pela performance de Franka Potente (A identidade Bourne, Profissão de risco), pela ótima direção de Tom Tykwer (O perfume – a história de um assassino), pela excelente edição e por um roteiro inteligente, ágil e criativo, muito desse ritmo ficando por conta da trilha sonora oportuna e caprichada. Ou seja, mesmo se não propiciar uma discussão filosófica (embora sem muito rebuscamento), o filme dará ao espectador uma agradável distração, que mistura de forma leve ação, drama e algum suspense – com talvez uma boa risada na ironia da cena final. 9,0