ARMADILHA (TRAP)
Filme mais recente de M. Night Shyamalan, diretor dos inesquecíveis O sexto sentido e Corpo fechado, entre outros (Sinais, Fragmentado etc). A direção do filme é realmente de alto nível, o indiano não deixando dúvidas quanto a ser um cineasta de primeira linha, notadamente em filmes de suspense. Aliás, a tensão e o suspense são muito bem construídos ao longo de toda a história, ainda sendo valorizados pela ótima trilha sonora e pelo competentíssimo uso das câmeras. Além das boas performances. O “pano de fundo” e que na verdade acaba passando ao protagonismo em inúmeros momentos (dizem que para promover a jovem – e talentosa, diga-se – filha do diretor ao mundo artístico) é um grande show, comandado por uma ídola pop: aliás, graças a esse espetáculo e sua perfeita sintonia com os fatos que se passam na plateia (envolvendo o protagonista e sua filha), a primeira metade do filme é excelente. Como curiosidade, sobre tais aspectos, o diretor teria declarado que quando pensou em escrever o filme lhe vieram à mente um clássico do suspense e uma diva pop: O silêncio dos inocentes e Taylor Swift. Critica-se o fato de muito cedo já sermos apresentados ao serial killer, mas essa foi uma escolha consciente – e importante – do roteiro e, assim, não deve ser discutida. Pelo que se diz, a “força-tarefa” que também inspirou o diretor – e é elemento fundamental no enredo – também se baseia em práticas reais da polícia americana. Outra curiosidade: consta que parte das ótimas músicas apresentadas foi composta especialmente para o filme. Entretanto, se a primeira parte foi quase perfeita, a segunda metade do filme (e que o torna sombrio e em parte até apavorante) apresenta algumas inconsistências, exageros e incoerências, à medida em que os acontecimentos se acumulam e vemos o personagem de Josh Hartnett (Dália negra, Pearl Harbor) ficar cada vez mais acuado. Também discutível a última cena (na verdade penúltima, dentro do veículo) e o alívio cômico na parte dos créditos finais (esta a última cena), em suma, a segunda metade do filme não tem a mesma qualidade harmônica da primeira, mas mesmo assim é uma ótima diversão para quem aprecia o gênero e confirma a assinatura de um criativo e competente cineasta. 9,0