AQUELES QUE FICARAM
Representante húngaro entre os indicados para o Oscar 2020, este é um filme para ser degustado em um momento especial, sem expectativas ou preconceitos, por quem aprecia filmes de arte. É um drama sobre pessoas, que se passa na Hungria após a segunda guerra e, portanto, despido de qualquer glamour ocidental, sendo algo que exige sensibilidade para se captar os detalhes, inclusive se colocar na difícil situação do país e dos personagens enfocados, no período em questão, tão difícil, de dominação (russa) e de muitos conflitos e barbárie ao redor (a morte do Stalin foi inclusive comemorada em uma cena mais para o final do filme). No final das contas, nosso romantismo se acende em alguns momentos do filme (inclusive pela beleza da atriz Abigél Szöke), mas poderá ficar frustrado com os costumes e com as limitações que os próprios regimes políticos e as situações econômicas vão impondo às pessoas, diminuindo-lhes naturalmente o brilho e impelindo-as à dor do silêncio –embora não possam abalar seus mais sólidos princípios! Seja como for, veremos os fatos acontecendo lentamente, em uma bonita história e que acaba sendo muito mais impactante não pelo que vemos na tela, mas pelo que fica subjacente, nas profundezas da alma e que se define em uma frase já repetida e pela expressão facial denunciadora do ator húngaro Károly Hajduk, na cena da entrada do banheiro, quase ao final. Cena maravilhosa, em um filme dirigido por Barnabás Tóth, em que as reticências acabam definindo a sua força e a intensidade das nossas emoções. 8,6