A SEMENTE DO FIGO SAGRADO (THE SEED OF THE SACRED FIG)
Filme iraniano, recentemente laureado em Cannes com o Prêmio Especial do Júri (2024) e que concorrerá no próximo Globo de Ouro (5 de janeiro de 2025) na categoria de Melhor filme de língua não inglesa (portanto, tendo como oponentes o brasileiro Ainda estou aqui e o mexicano Emília Perez, entre outros). Foi escrito e dirigido por Mohammad Rasoulof, premiado cineasta iraniano (ganhou Berlim 2020 – Urso de ouro – com o filme Não há mal), mas persona non grata em seu país, onde foi proibido de gravar desde 2017 e preso em 2022, por ter assinado petição repudiando o uso de armas contra manifestantes pacíficos. Este é mais um filme sócio-político do diretor, pois aos poucos além de nos introduzir na cultura iraniana, vai mostrando o desequilíbrio tanto entre o regime e a população, como das próprias famílias, atingidas não só por aquele, mas também pelo patriarcado instituído. As restrições da liberdade vão aparecendo, apesar da normalidade inicialmente retratada e as questões se tornam cada vez mais intensas e até inesperadas, gerando conflitos sérios e violentos em nome da liberdade e dos demais valores a ela agregados. No início do filme surge a explicação de seu título, que na verdade representa uma metáfora para o governo iraniano, na medida em que aprendemos que as figueiras derramam suas sementes perto de outras árvores, que ficam sufocadas por elas quando começam a crescer. Uma obra forte, impactante, com excelentes atuações e direção. 8,9