A GENERAL
Uma criação do genial Buster Keaton, que junto com Harold Lloyd (O homem mosca) fizeram filmes considerados ícones da época (este filme é de 1926), sendo claramente outro discípulo de Charles Chaplin, mas tendo seu estilo peculiar (o qual não foi exatamente aceito de imediato pelo público). Não é um humor como o de Chaplin, nem como o de Lloyd, mas também tem instantes extremamente inspirados. Este filme, obviamente mudo e em preto e branco, como não poderia deixar de ser, tem uma trilha sonora formidável e que dá muita emoção e sentido a todas as ações. A história se passa na época da Guerra Civil Americana e a fotografia é espetacular. Além disso, o roteiro é muito engenhoso e interessante e as cenas seguem uma sequência que além de demonstrarem o talento de Keaton na direção (e montagem) e atuação, vão prendendo o espectador, que acompanha com muito interesse a dinâmica da ação e vai cada vez mais se interessando pelo desenrolar dos fatos. “General” é o nome que o protagonista (Johnnie Gray) dá à sua locomotiva, uma das duas paixões da sua vida: a outra é Annabelle Lee, elemento fundamental no enredo. Esta comédia de ação, romance e aventura foi polêmica na época, mas com o passar dos anos se tornou uma unanimidade entre público e crítica, merecidamente e é inclusive considerada por muitos como a obra-prima dessa fase do cinema: ocorre que o heroi da história luta a favor dos confederados, justamente o sul, que perdeu a guerra da secessão e que defendia a escravatura, opção delicada mas proposital do diretor, que por esse motivo teve problemas em sua carreira e o filme acompanhou essa escolha. Mas ainda hoje o filme impressiona, com seus momentos espantosos de um cinema de grande criatividade (cenas inclusive de tensão e perigo para o próprio ator) e qualidade técnica. E sua parte final é extraordinária, para qualquer época. A cena da ponte inclusive foi a mais cara da história do cinema mudo e tudo é tão bem feito, que muitas vezes até esquecemos de que estamos vendo um filme mudo. 9,0