A GAROTA DA AGULHA

Este filme dinamarquês que se passa na Copenhague de 1918 concorre ao Oscar 2025 na categoria de Melhor filme internacional. Está sendo exibido na plataforma Mubi e esse fato é bastante apropriado porque se trata de uma produção daquelas enquadradas como “de arte” ou alternativa. Não é algo fácil, tem várias temáticas e todas elas densas, incômodas, cruas, incluindo os vários tipos de miséria, mesmo a moral. Aborda tempos difíceis contemporâneos à Primeira Guerra Mundial, submundos de sobrevivência e o faz sem concessões. Não é indicado a todos os gostos e tampouco é facilmente digerível, ainda mais em sua parte final, quando vem à luz seu tema mais dilacerante. Apesar disso, é cinema de nível, na medida em que todos os seus elementos, incluindo roteiro e direção (do sueco-polonês Magnus Von Horn), edição, fotografia e elenco (com destaque para a excelente Victoria Carmen Sonne) apresentam inegável qualidade. Sem dúvidas não é para todo tipo de público, mas certamente tem seus admiradores, apesar de ao longo de toda a história convivermos com as sombras do pessimismo: foi indicado também à Palma de Ouro 2024 em Cannes. Baseado em fatos reais, o filme, entretanto, no final das contas, tem um fecho de tocante beleza e consegue extrair humanidade dos escombros. 8,2

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