A ESCOLHIDA (ANTEBELLUM)

Este é um filme que já vale a pena ser visto pela técnica e pela forma original (e surpreendente) pela qual trata do tema do racismo. A excelência da fotografia desponta logo de início, assim como a impactante música de introdução, situando-nos na época da guerra civil americana – quando vemos os Confederados, no caso o Sul, que perdeu a guerra para a União: essa música, pungente em seus acordes, vai repetindo o eixo central enquanto soam diversas variações enriquecendo-o e soante como épica, com a simultânea maestria dos movimentos de câmera. E assim vamos acompanhando os fatos normalmente, até que, subitamente, ocorre algo inesperado e partir dali ficaremos cheios de pontos de interrogação, sem estarmos certos do que estamos vendo e sem saber exatamente para onde iremos, momento em que talvez poderemos lembrar da frase posta antes do início do filme: O passado nunca está morto. Ele ainda não passou. É um filme realmente intrigante e extremamente criativo nesse ponto e mostra mais ou menos como os escravos eram tratados no século 19 no sul dos Estados Unidos. As explicações para os dilemas, entretanto, virão apenas ao final (chocante e que tem cenas adicionais durante os créditos). O problema do filme, embora as qualidades citadas, é que o desenvolvimento não é o que poderia ser. A narrativa peca em muitas cenas, desnecessárias ou mal construídas, deixando de haver, em certas situações a necessária profundidade, embora o filme nos reserve algumas cenas ótimas, efetivamente chocantes. A sensação final, embora realizado em grande parte os objetivos do roteiro e dos estreantes diretores, é de que havia elementos de sobra para ser um filme antológico. Pena, mas mesmo assim, pela execução do projeto e por sua originalidade, vale uma visão para os que apreciam o gênero, que aqui mistura pitadas de drama, ação, suspense e até de terror. A protagonista é Janelle Monáe, que trabalhou em Moonlight e Estrelas além do tempo7,8