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TENET

Este definitivamente é um filme diferente, que parece ser meramente de ação/espionagem/terrorismo, mas está longe de ser apenas isso. Também com certeza não será palatável para talvez a grande parte das pessoas, havendo aquelas que vão simplesmente detestá-lo ou mesmo desistir dele em pleno andamento: alguns por não gostarem de ficção científica, outros por não entenderem nada do enredo, pelo menos a partir de certo ponto. Mas, no caso, essa compreensão do roteiro não é nada fácil, aliás, é praticamente inviável alguém absorver todo o conteúdo do filme, a menos que seja especializado em física superior. De modo que o melhor mesmo é degustá-lo e captar o que for possível, usando da inteligência, da cultura e da perspicácia e fascinando-se com seu apuro técnico, com a ação e com a beleza plástica das cenas. Porque a parte técnica do filme é um deslumbre, a começar pelo som (filme para ser visto no cinema ou com bom equipamento de som e imagem, portanto) e pela fotografia, a produção toda, enfim, com um ritmo tenso e constante de suspense, enaltecido pela palpitante trilha sonora. O começo do filme e seu final são espetaculares. E é algo realmente de temática muito complexa, o que aliás não é nada estranho em se tratando de obra do merecidamente consagrado cineasta Christopher Nolan, que sempre gostou de temas inusitados e nada fáceis, como em Amnésia, Interestelar, A origem, tendo sido ele também o diretor de Batman Cavaleiro das Trevas, Dunkirk, O grande truque e Insônia, entre outros. John David Washington (Infiltrado na Klan), Robert Pattinson (O farol) e a australiana Elizabeth Debicki (do alto de seus 1,90m) estão ótimos e o veterano ator inglês Kenneth Branagh faz um vilão sem os estereótipos habituais, apresentando também, assim, uma performance bastante marcante. Com o belo trabalho do elenco e de direção (de edição também, como imprescindível neste caso!), é mais ou menos da metade em diante que o enredo começa a ficar confuso, enigmático, emaranhado, difícil de entender completamente e pede que se preste a maior atenção, talvez até recomendando que o filme seja visto mais de uma vez ou haja leituras complementares, sobre os fatos e princípios que o filme explora (“tenet” quer dizer “princípio”), ao manusear espaço e tempo de uma forma nunca vista e criar uma fantasia em dimensões muito maiores e difíceis de descrever do que as que já existem de fato no universo da física quântica, no que se refere à chamada “inversão de entropia”. Seja como for, é uma obra cinematográfica extraordinária -inclusive na construção das cenas, algumas deslumbrantes- e mesmo que não se compreenda muitas coisas e a maior parte das conexões feitas (o que é o mais normal, repito), ainda assim é uma experiência original e sem dúvidas extremamente fascinante.  8,5