A COSTELA DE ADÃO (ADAM´S RIB)
Para começar, o título deste filme de 1949 –que felizmente teve tradução literal!- é genial, porque seu tema é a chamada guerra dos sexos e inclusive o personagem masculino se chama Adam (Adão). Temos aqui, então, um estudo sobre as batalhas entre homens e mulheres, estas formadas a partir da costela daqueles, segundo a Bíblia, é claro. A temática é a desigualdade sexual e social, cujas características são debatidas ao longo do filme pelo casal central, que se opõe tanto no ambiente do lar, quanto do tribunal, pois se trata de um promotor público e de uma advogada. O que também é uma feliz criação do roteiro para levar adiante os seus propósitos duelísticos. Ainda mais sendo o referido casal interpretado por Spencer Tracy e Katharine Hepburn (quem melhor para fazer o papel de uma feminista aguerrida?), que dispensam maiores comentários (vide resenhas anteriores) e que vão nos fazer rir, emocionar e nos propiciar deliciosos momentos ao longo de todo o filme, com alguns situações inclusive bizarras, como a que ocorre no tribunal com o promotor e a que se dá com o revólver, em uma cena bastante inusitada. O filme flui com leveza e um tom contagiante de bom humor, apesar do tema árido e impressionantemente atual. Além da excelência do par central, o restante do elenco é ótimo, a fotografia muito bem cuidada, a trilha sonora perfeita a cargo de Miklós Rózsa e ainda foi composta especialmente para o filme a música Farewell Amanda, por Cole Porter. É um filme com um ritmo delicioso e qualidade também na montagem, méritos que se somam ao da direção para George Cukor, que já havia dirigido Katharine nove anos antes (Núpcias de escândalo) e legou ao cinema grandes obras, como À meia luz, Nasce uma estrela e My fair lady. A qualidade do ótimo roteiro foi reconhecida pela indicação do mesmo ao Oscar 1951. 8,8