KILL BILL: VOLUMES I E II

Quentin Tarantino dispensa maiores comentários. Polêmico, amado e odiado por Hollywood (tanto, que muitos filmes magistrais que produziu foram tratados com absoluto desprezo pela Indústria), dirigiu no mínimo duas produções próximas de obras-primas: “Pulp fiction” em 1994 e “Bastardos inglórios” em 2009. Além de muitos outros filmes espetaculares e todos com sua assinatura inconfundível: um estilo original, inclusive de mostrar a violência, com roteiros intensos e criativos e muitas referências literárias e cinematográficas. Estes dois filmes constituíram uma sequência, embora possam ser vistos separadamente, e foram produzidos nos anos de 2003 e 2004. Têm muita ação, lutas marciais, cenas que lembram os antigos seriados (com o inverossímil sempre presente e favorecendo o “bem”) e um fio de enredo que vai conduzindo o espectador de um modo extremamente hábil e sempre atraente. E com muitos efeitos de câmera (e closes) e imagens poéticas. Ambas as partes constituem uma unidade lógica, embora muitos prefiram a parte dois, na qual temos também o prazer de rever o grande ator David Carradine, que tantos anos protagonizou a série de TV “Kung Fu” – e aqui está excelente. Mas tanto a parte um, quanto a dois, apresentam muita adrenalina e inteligência, cenas antológicas, inclusive com as belas e talentosas presenças de Lucy Liu e Daryl Hannah (entre outros). Contar qualquer fato da história (são tantas as facetas !) seria tirar do espectador o prazer estético e da surpresa. Mas seja como for, além da direção estupenda de Tarantino, ambas as partes possuem em comum a notável “mão” do direitor e sua perfectividade e criatividade e uma interpretação simplesmente extraordinária de Uma Thurman, que não obteve o reconhecimento que merecia por desempenho tão espetacular, em um papel dificílimo e que poucas desempenhariam com tamanha entrega e destreza: ela entrega simplesmente um banho de atuação e, como se diz, “ela sozinha já vale o ingresso”! 9,3