O ESQUEMA FENÍCIO (THE PHOENICIAN SCHEME)

Se observados os critérios usuais deste blog, este filme não estaria aqui. Porque não me atingiu o suficiente, intelectual ou emocionalmente, a ponto de merecer uma nota igual ou acima de 7,5. Entretanto, ele possui qualidades tão evidentes e elementos tão originais e interessantes, que não há como desprezar sua existência, até porque existe um público apto a gostar muito dele; aliás, ele já está sendo festejado por muita gente (certamente de cultura e intelecto privilegiados), embora também haja os que o detestaram. Inegável que o ousado e competente diretor Wes Anderson tem um estilo fascinante e todo particular, já visto em obras anteriores, como Moonrise Kingdom, Grande Hotel Budapeste e Asteroid City): aliás, um dos seus grandes trunfos – de fascínio permanente – é a fotografia e o colorido exuberantes, tudo harmonizado com a estética geral, com a ordem e a simetria das coisas, com as sutilezas e os variados e curiosos objetos cenográficos. E claramente existem fortes mensagens de conteúdo político e social, aliando-se a tudo isso o extraordinário elenco (embora alguns tenham aparição meteórica), que já vale a pena e demonstra o carinho e o respeito pelo prestigiado diretor e sua obra.  As ótimas performances, corriqueiras nos filmes desse diretor, aqui são corroboradas por Benício del Toro, Mia Threapleton (sendo filha da Kate Winslet, não poderia ser diferente), Michael Cera (canadense e também músico), Scarlett Johansson, Mathieu Amalric e ainda Benedict Cumberbatch, Tom Hanks, Bryan Cranston, Willem Dafoe, Bill Murray, Charlotte Gainsbourg, F. Murray Abraham e Jeffrey Wright, entre outros. Tudo isso seria realmente superlativo…se chegasse integralmente aos corações. Mas isso não acontece. Porque é um roteiro que permite que se extraia várias coisas dele, mas não o principal: e sua essência e que traria as emoções ficou prejudicada pela falta de clareza das ideias: há situações irresistíveis de comicidade e inteligência, mas ao mesmo tempo é negado ao espectador médio o perfeito entendimento dos detalhes, do que na verdade está ocorrendo e do real propósito de tudo. Em uma palavra, o roteiro pode ser definido como: prolixo. E essa prolixidade nos afasta do prazer. Coisas cifradas e fora do alcance do homem médio tornam penoso e frio o caminho, impedindo também a plena admiração estética e principalmente o aflorar dos sentimentos, que ficam, assim, represados dentro de espaços criados por uma inteligência que pode ser admirada, mas que tem graves problemas de comunicação. Então, dito isso, que cada um se aventure como desejar. 7,5

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