ASSALTO BRUTAL
Este filme policial polonês (ambientado, de forma meio sombria, nos anos 90, após a queda do comunismo) tem “brutal” no nome e efetivamente muitas cenas que justificam o adjetivo. Como brutais são alguns de seus personagens, já que se trata de uma produção realista e nesse sentido muito diferente dos enlatados americanos. O “vilão-mor”, assim como o “que seria o mocinho, se fosse possível”, são excelentes atores (assim como a assistente), este último uma espécie de anti-herói e aquele uma personificação do assassino frio, do psicopata, que nenhum sentimento nutre pela raça humana. É tudo tão bem feito e impactante, que nos mantém interessados até o final e, desse modo, muito acima da média, justamente porque embora construa uma história com várias situações já vistas em tantos filmes, ao mesmo tempo apresenta personagens reais, humanos e não apenas estereótipos. O primeiro momento do filme já choca e apresenta seu cartão de visitas. Com cenas intensas e muito bem realizadas, tudo é bem estruturado e vinculado. E sua parte final vai privilegiar esse ângulo, que coloca o filme em um patamar muito acima da média. Também por ser polonês e ter enfoques bem diferentes do cinema que costumamos ver. Belas interpretações, personagens consistentes, excelente direção e um roteiro muito bem desenvolvido, com uma parte final – que poderia ser chamada de “como se capturar um peixe ensaboado” – realmente especial e que não apenas mantém, como eleva a qualidade do filme. Um entretenimento de alto nível, para quem gosta de cinema e especialmente para os fãs do gênero policial (thriller), com diversos elementos agregados e que integram um contexto com feições e ritmo de quem sabe fazer cinema (caso do diretor polonês Michal Gazda). Netflix. 9,0.