A PROMESSA
Este é um filme Netflix, dos menos conhecidos do grande Jack Nicholson, que aqui mais uma vez destila aquelas “caras e bocas” de sempre – os maneirismos/as caretas que o caracterizam -, mas em compensação constrói um personagem de forma esplêndida (um tira prestes a se aposentar) e intensa (embora intimista) e carrega nas costas, com grande força interpretativa, um filme difícil, como poucos atores seriam capazes de fazer. E neste caso sendo dirigido com maestria por Sean Penn e tendo à sua volta grandes talentos do cinema: Robin Wright Penn, Aaron Eckhart, Vanessa Redgrave, Sam Shepard, Mickey Rourke e Benicio Del Toro, este último em aparição meteórica e absolutamente inusitada. Mas não é um filme fácil e nem para todos os gostos, embora contenha os ingredientes típicos de um bom thriller policial: violência, tensão, cenas fortes, um assassinato misterioso e chocante e um assassino a ser identificado e alcançado. Não é fácil, porque tem estranhezas, seu andamento não tem o dinamismo dos enlatados e o roteiro navega por caminhos que necessitam de alguma percepção, às vezes de muita sensibilidade. Por tais motivos e não sendo para todo tido de público, o filme inclusive gerou os mais variados comentários na internet, desde “horroroso” para alguns, até “brilhante” para outros, de modo que o mais correto será enquadrá-lo naquela enigmática categoria dos “filmes de arte”. Notável que o título em português é coerente com o original, “The pledge”, que pode ser traduzido como “O juramento”. Muito interessante também é o final, embora seja também desconcertante e completamente inesperado, em um misto de bizarro, com melancólica ironia. E na derradeira cena, quando o ser humano se fragmenta e se torna um enigma imprevisível, sentimentos indecifráveis nos invadem e nos impactam, de forma inclusive memorável, como se estivéssemos perto de algo que obsessivamente buscávamos, mas que sem percebermos se dissolve antes que dele possamos nos aproximar. E que faz surgir diante de nós o irremediável do destino. 9,0