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BASTARDOS INGLÓRIOS

Sem dúvidas um dos grandes trabalhos do extremamente original, criativo, inteligente e competente diretor Quentin Tarantino, que deixa clara a maestria no uso da tecnologia e dos recursos cinematográficos em geral para passar suas mensagens, repletas de referências e envoltas em cenas não raro magnéticas, muitas delas até memoráveis. Em geral, basta acompanhar um pouco um filme e já se reconhece a assinatura do diretor, repleta de amor ao cinema. Não acho este filme do mesmo nível que Pulp fiction por alguns detalhes, mas há quem ache e penso que o fato pode se justificar perfeitamente, haja vista sua superior qualidade em todos os sentidos: roteiro, direção, elenco, produção, fotografia, som e demais atributos técnicos..E com certeza também Hollywood sempre guardou alguma mágoa ou severas reservas contra o diretor, porque enquanto Bastardos será visto por décadas e décadas, comentado como uma das grandes obras do cinema, de outro lado ninguém falará ou lembrará do filme que absurdamente o derrotou no Oscar de 2010, justamente nas categorias de Filme, Diretor e Roteiro Original: um tal de Guerra ao terror, da diretora Kathryn Bigelow, ex esposa de James Cameron. Mais uma das grandes bizarrices cometidas pelo Oscar ! Pelo menos o ator Christoph Waltz ganhou com toda a justiça, por sua memorável atuação, o prêmio de Ator, muito embora Coadjuvante. Junto com ele, por sinal, também se destacam no filme Diane Kruger (em grande atuação), Mélanie Laurent, Michael Fassbender, Daniel Brühl e Brad Pitt, entre outros. Uma história contada com conhecimento de causa, com um desenvolvimento coerente, costurado, atraente, repleto de ação e mistério e imprevisível, com vários instantes que permanecerão na memória do espectador: como a cena do início, quando somos apresentados a Hans Landa (o caçador de judeus), com cenas de grande tensão em um cenário limitado mas com uma direção (e movimentos de câmera e iluminação !) da amplitude de um cineasta de primeiro quilate; como também a cena, longa, tensa e intensa, da taverna, no meio do filme, que acompanhamos paralisados, de olhos vidrados na tela, sem saber por que caminhos os fatos nos levarão. E ofinal do filme guarda instantes viscerais. Violência, sangue e cenas fortes aos borbotões, mas com a presença de um senso de humor, mesmo que “negro”, e da ironia típica do diretor, que aqui dá sua resposta para a barbárie nazista da segunda guerra. 9,5