FIRST MAN
Dizem que o americano Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua, ficou com alguns problemas emocionais tempos depois que retornou à Terra. Entretanto, este filme não retrata esse período e sim o que vai do início da década de 60 até a quarentena imediatamente posterior ao grande feito. Ryan Gosling interpreta muito bem a trajetória do astronauta, desde seus voos em jatos, até candidatar-se para tripular a Apolo 9, passando por todas as fases, testes e experiências exigidas pela Nasa. O filme mostra Armstrong como uma pessoa corajosa, voluntariosa mas ao mesmo tempo amargurada em razão de perda familiar. Esse é o drama íntimo do astronauta, é o inimigo a ser vencido. Mas a história também contempla principalmente dois fatos: a Guerra Fria e a necessidade de os americanos estarem à frente dos Russos na corrida espacial e as consequências práticas dessa premência, com grandes custos para os EUA: não só financeiros, mas das vidas que se perderam nos projetos que não deram certo, principalmente na fase Gemini, que foi anterior à Apolo. Salvo engano, foram 9 astronautas que perderam a vida e a cada nova etapa tripulada a agonia tomava conta das famílias e dos próprios profissionais envolvidos, pelos vazios tecnológicos ainda existentes. Astronautas eram compelidos a arriscar suas vidas em foguetes ainda não suficientemente seguros. Claire Foy faz muito bem o papel da esposa de Neil e que representa todas as esposas dos astronautas e os dramas por que passaram durante tantos anos de experiências – muitas frustradas – dos projetos especiais. A própria viagem à lua em 1969 estava cercada de hesitações e incertezas. Não é um filme ágil, emocionante como poderia ser, mas acaba sendo um documento interessante, na medida em que mostra a realidade por trás do glamour da grande conquista. 8,0