UMA GAROTA DE MUITA SORTE (LUCKIEST GIRL ALIVE)

Anticonvencional. O filme e também a protagonista. Uma personagem diferente, que vemos no tempo presente e em flash backs, em uma história contada de um modo estranho, que nos desconcerta, fazendo-nos viajar entre várias sensações. Ora achamos uma obra exótica, ora desconexa, ora prolixa, ora sofisticada. São muitos os momentos em que não sabemos exatamente onde estamos pisando, alguns deles bem chocantes. Essa provavelmente é a razão deste filme de 2022, baseado em best seller do New York Times, ser tão polêmico e variar tanto no que se refere ao gosto das pessoas, flutuando entre as cotações extremas de ruim e ótimo. Sem dúvidas, porém, a bonita atriz Mila Kunis (ucraniana radicada nos EUA, casada com o ator Ashton Kutcher e aqui também produtora) apresenta uma bela atuação, conseguindo justamente passar as diversas nuances da personagem, em um papel realmente desafiador. Muito mistério e muitas reticências, que passam também para nós, espectadores. Seja como for, o desenvolvimento acaba sendo algumas vezes confuso, outras bem costurado, porém a parte final do filme é felizmente resgatadora, além de bela e comovente: clarifica, explicita o que necessitávamos saber, desvenda as lacunas e expõe um tema perturbador e que junto com ele traz a reflexão sobre a necessidade de todos nós, por maiores que sejam os sacrifícios, buscarmos incessantemente revelar ao mundo a nossa verdadeira face. O filme tem a breve porém nostálgica presença de Jennifer Beals (Flashdance) e, nos créditos finais, apresenta a música I know where I´ve been com Elle King embalada por imagens também inspiradoras, fortes e engajadas. 8,8