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UM OFICIAL E O ESPIÃO (AN OFFICER AND A SPY – J´ACCUSE)

A medida da arte nunca deveria ser avaliada pela moral do artista. Ou seja: a conduta na vida pessoal (no caso de um diretor de cinema) não deveria ser considerada na avaliação de seu trabalho artístico. Mas isso é fácil de dizer. Na prática, Roman Polanski, desde que foi condenado no final da década de 70 por ter feito sexo com menor de 18 anos (ter “abusado sexualmente de menor com 13 anos”), não teve mais paz. Proibido de entrar nos EUA, passou a ser alvo de constantes perseguições de pessoas e associações, inclusive porque ao longo do tempo foi também acusado por outras mulheres de abusos e até de estupro. Inclusive sofreu forte assédio há poucos meses, quando este filme concorreu a diversos Cesar (Oscar do cinema francês) -12 indicações ao todo. Mesmo assim, acabou ganhando o Cesar de Melhor diretor e de Melhor roteiro adaptado. E havia ganho antes no Festival de Veneza (2019) o Grande Prêmio do Júri. O filme, de fato, reafirma tratar-se de um grande cineasta, independentemente das questões pessoais. Aqui temos um filme de qualidade, interessante, instigante, emocionante e ao mesmo tempo enxuto, abordando os fatos relacionados com o famoso Caso Dreyfus, que abalou a sociedade parisiense no final do século XIX, envolvendo a alta cúpula do exército e um soldado judeu. Trata-se de um escândalo político-jurídico-militar que durou de 1894 a 1906 e que no filme é contado pelo olhar de um oficial superior ao réu, Georges Picquart, interpretado pelo excelente Jean Dujardin. Além dele, o filme conta com a participação da esposa do diretor, a sempre bela Emmanuelle Seigner. Todos os elementos de produção são de alto nível, incluindo evidentemente a trilha sonora, responsável pela tensão do filme e a cargo do premiadíssimo Alexandre Desplat (O curioso caso de Benjamin Button, A forma da água, Argo, A garota dinamarquesa, Harry Potter etc).   8,8