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ADIEU LES CONS

Quem vê este filme, incluído nos catálogos como comédia dramática, já nos primeiros momentos não tem a menor dúvida de que se trata de um filme francês. No caso, uma comédia francesa. Porque só os franceses fazem filmes assim, tão típicos e ao mesmo tempo tão diferentes. Que misturam gêneros e tornam o roteiro um enigmático mas atraente caminho, que vai sendo pouco a pouco saboreado pelo espectador, encantado com muitas cenas e por outro lado desconcertado com alguns fatos, justamente pela miscelânea de emoções derivada da “salada” de gêneros. E que além disso (os filmes franceses deste estilo) têm muita criatividade na direção e toques singulares e interessantes também em sua trilha sonora. No caso, o filme transcorre com leveza, mas com momentos dramáticos e também de humor (inclusive escrachado), romance e até suspense. Tudo isso, a meu ver, formando um conjunto irresistível, notadamente porque dirigido com sensibilidade e interpretado com competência; entretanto, tais fatos podem ser justamente o que talvez farão com que o filme desagrade alguns. De todo modo, ele teve doze indicações no recém realizado 46º Cesar (março de 2021) – Oscar francês –, tendo sido o vencedor nas categorias de Melhor filme, realizador/diretor, roteiro, ator coadjuvante, direção de arte e fotografia. O seu ator principal é a mesma pessoa que o escreveu e dirigiu: o conceituado e premiado Albert Dupontel, com vasto currículo na cinematografia francesa e que, por exemplo, protagonizou os excelentes Nos vemos no paraíso e En équilibre. O ator coadjuvante premiado no Cesar é Nicolas Marié, que faz um personagem muito divertido e que inclusive provoca aqueles sobressaltos de espanto no espectador, quando, por exemplo, em meio a uma cena séria acaba, por ser cego, tendo um “acidente cômico”. Diga-se que ele está bem acompanhado por Virginie Efira, muito boa atriz. Um filme a ser visto e degustado e que em sua parte final simplesmente nos inunda de boas emoções (especialmente em uma cena específica, muito especial que o roteiro nos reserva), tendo um final também não previsível e que pode até ser objeto de boas discussões. Seja como for, não há dúvidas de que é uma ótima diversão e, mais – e quem assistir ao filme concordará com isso –, de que o título original é o melhor e o mais perfeito e se espera que seja assim mantido quando os distribuidores brasileiros resolverem lhe dar o nome em português. 8,8