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THE WIND THAT SHAKES THE BARLEY (VENTOS DA LIBERDADE – 2006)

O título em português é o mesmo do filme da resenha anterior (o alemão “Ballon”), mas não há relação alguma entre as histórias. Aqui os fatos se passam na Irlanda nos anos 20, onde recém havia surgido o IRA – Exército Republicano Irlandês, que na verdade era formado por diversos grupos paramilitares com o objetivo de impedir o domínio e a ocupação britânica naquelas terras, que desejavam permanecer independentes. O colonialismo britânico e seus propósitos de anexar territórios, aliás, acarretaram violentos e sangrentos conflitos (atentados a bomba, execuções etc), que duraram muitas décadas, inclusive havendo um “separatismo” religioso bastante relevante, envolvendo católicos e protestantes. Atualmente a Irlanda é dividida em duas: a República da Irlanda, que ocupa a maior parte do território e em cuja capital Dublin foi fundado o IRA em 1919 e a Irlanda do Norte, que na verdade ocupa parte do território ao nordeste e que tem como capital Belfast. Mas não foram fáceis as lutas de independência e o filme toma partido claro a favor dos grupos resistentes, mostrando os britânicos como sangrentos invasores e praticando atrocidades que deixam o próprio espectador revoltado. Inclusive porque o filme procura ser realista, tanto nas articulações políticas, como nas lutas armadas e nos atos de covardia de ocupação, apresentando cenas violentas e impactantes e por isso não sendo recomendado para todas as idades ou todas as pessoas. Mas funciona como uma espécie de relato histórico da invasão britânica em território irlandês (e da atuação dos Black and Tans, força especial de combate britânica e que atuou principalmente em 1920 e 1921 contra as rebeliões na Irlanda) e da resistência dos grupos que acabaram se formando (e integrando o IRA) e lutaram com os meios de que dispunham a favor da liberdade pessoal e da independência também territorial da república –o filme também mostra um momento de trégua com um acordo firmado, mas que mantinha o domínio inglês e impunha restrições importantes ao que desejava a população oprimida, fato importante para a continuidade das batalhas. O protagonista é o ator irlandês Cillian Murphy (Dunkirk, A origem), sendo o mais conhecido do restante do ótimo elenco o ator Liam Cunningham (Sor Davos Seaworth em Game of Thrones). O diretor, o renomado e premiado britânico Ken Loach (Eu, Daniel Blake, Você não estava aqui). Um filme que pouco traz de novidades, mas que mostra com cores realistas uma parte essencial da história irlandesa e que em tese explicaria os motivos dos conflitos havidos e de sua longa duração, causando muita dor, mortes e tragédias. Essa é sua grande virtude, tendo sido o ganhador da Palma de Ouro em Cannes no ano de 2006.  8,3