THE EICHMANN SHOW

l_4163668_7b97d00dAdolf Eichmann, após se esconder por quinze anos na Argentina, foi capturado e encaminhado para Israel, onde em 1961 foi julgado por crimes contra a humanidade, acusado de executar o plano nazista de extermínio de seis milhões de judeus na segunda guerra mundial (entre 1936 e 1945). O chamado “julgamento do século” foi transmitido por rádio e TV e as fitas com as filmagens diárias eram encaminhadas para as mais variadas partes do mundo, pela primeira vez havendo uma cobertura jornalística com tal repercussão – passando o julgamento em alguns países em episódios diários de televisão – e pela primeira vez também sendo abordado o tema do holocausto. Este filme é original ao mostrar os fatos a partir do enfoque da equipe de filmagem, tendo sido especialmente contratado para dirigir essa equipe um famoso cineasta e documentarista americano, que inclusive fazia parte da famosa “lista negra” do senador Mc Carthy: Leo Hurwitz, muito bem interpretado pelo veterano ator Antonhy LaPaglia. O filme aborda desde as dificuldades de se obter permissão dos juízes para a cobertura do julgamento pela televisão, até os efeitos que o dia a dia dos depoimentos das testemunhas vai provocando na população (cuja maioria ignorava os detalhes das barbaridades nazistas) e principalmente na própria equipe. O produtor que contratou Hurwitz, interpretado por Martin Freeman, foi um dos sobreviventes de Auschwitz, assim como muitos dentre os 112 que prestaram depoimento no tribunal. Foi um momento histórico, pois Israel teve a chance de mostrar e provar ao mundo as atrocidades cometidas contra os judeus, nas quais muitos sequer acreditavam. Curioso o filme também mostrar que, apesar da importância do julgamento, havia outros dois assuntos na época, de interesse mundial, e que acabaram também atraindo as audiências de televisão: a ida ao espaço do russo Gagarin e a invasão da Baía dos Porcos em Cuba. Mas talvez um dos enfoques mais interessantes seja o da obsessão de Hurwitz – fazendo um certo “estudo do mal” -, em tentar flagrar no acusado algum indício de humanidade. O filme é enriquecido com muitas imagens do próprio julgamento e da chocante realidade dos campos de concentração, o que certamente provocará muita indignação e sem dúvida emoção.  7,8