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SEM TEMPO PARA MORRER (NO TIME TO DIE – 007)

Este filme representa um marco especial dentro da saga James Bond, iniciada em 1962 com “007 contra o satânico Dr. No”. Porque é o último da série protagonizada por Daniel Craig, para muitos o melhor James Bond de todos, nessa avaliação incluído o aclamado Sean Connery, que atuou no papel desde o primeiro filme e até 1971 (e depois, uma vez mais, em 1983). Gostos à parte, porque há também os que preferem Pierce Brosnan (Bond de 1995 a 2002), o fato é que Craig efetivamente é um poderoso intérprete para esse bombástico agente secreto de Sua Majestade. Tanto, que manteve a hegemonia de 1996 até agora. E vai deixar saudades. Esse fator à parte, é um filme que preserva os principais ícones dos filmes da série, como o charme e o profissionalismo invencível do másculo e misterioso herói, com seu drink preferido, seu infalível chefe M, a inimiga Spectre, seus carros repletos de artifícios para enfrentar os adversários, rodeado por belas mulheres (aqui a chamada Bond Girl, porém, atua de forma meteórica, interpretada pela atriz cubana Ana de Armas), as cenas rodadas em várias importantes cidades do mundo, os deslumbrantes cenários, a fotografia perfeita, a maneira de introduzir a história, as imagens, as cenas de ação magnificamente executadas e os efeitos técnicos/especiais maravilhosos (a abertura é um fator à parte !), a alta qualidade, enfim, da produção, o nível da tecnologia para tratar da principal arma do inimigo (tema biológico e impactante) e a música-tema, que neste caso é bela e estranha, intérpretada por Billie Eilish, famosa cantora e compositora americana, atualmente com 19 anos e a mais jovem a ser indicada a um Grammy. O elenco também é ótimo, tendo além de Craig, Léa Seydoux, Rami Malek, Ralph Fiennes e Christoph Waltz, entre outros. Ocorre que os motivos acima são a razão de este filme estar aqui neste blog, do contrário não estaria. Porque se retirarmos dele a vestimenta de luxo e a despedida de Daniel Craig, sobrará um roteiro que repete clichês, sem muita criatividade e pior: extremamente mal resolvido em muitas de suas pontas. Por isso e pela paixão dos fãs, o filme tem gerado comentários os mais diversos, havendo em um extremo os que o adoram e em outro os que o detestam. Na minha percepção, foi um filme apenas regular e decepcionante pelo que eu esperava de seu conteúdo. Existem roteiros complexos e roteiros prolixos. No primeiro caso, o fato é geralmente uma qualidade; no segundo, um defeito. Roteiro prolixo é aquele difícil de compreender, ou porque exige muito do espectador, ou porque não se faz realmente entender por ser mal-estruturado ou por falha na harmonia dos fatos e/ou na narrativa. Este filme tem momentos em que o roteiro se revela inegavelmente prolixo, percebendo-se claramente alguns fatos mal costurados, desnecessários ou fora do contexto, retirando do espectador a emoção que deveria sentir se o enredo tivesse sido bem construído. Fica-se insatisfeito em alguns momentos, em outros até entediado e no resultado final não se obtém o que se poderia, considerando tudo aquilo que estava à mão. Uma pena, porque se o filme tivesse despertado os sentimentos que pretendia, diante do que se tinha à mão, seu final pelo menos seria realmente inesquecível e talvez já valesse todo o filme. Em resumo, uma produção que merece ser vista, como todas as de 007 (porque diferenciadas) e neste caso também pelo que representa, mas que poderia ter apresentado muito mais conteúdo e um roteiro muito mais inteligente e elaborado. 7,7