SAPATINHOS VERMELHOS
Este filme teve cinco indicações no Oscar de 1949, sendo vencedor nas categorias de Trilha sonora e Direção de arte (maravilhosa realmente) e perdendo nas de Melhor filme, Melhor história e Melhor montagem. A atriz Moira Shearer, bailarina na vida real, desempenhou muito bem o seu papel, mas se o ator Anton Walbrook (o Sr. Lermontov, diretor da companhia de balé) tivesse sido indicado ao prêmio não seria nenhum exagero, porque sua performance foi realmente destacada. Este é um filme diferente, tanto nas imagens, quanto no modo de contar a história. Algo diferenciado em relação aos demais filmes do gênero. Até porque às vezes parece meio confuso, deixar de fazer certas conexões, mas de repente se percebe que, afinal, essa “desordem” aparente é simplesmente a fotografia dos bastidores dos grandes espetáculos e em que dezenas de pessoas estão envolvidas (no caso, de balé). Apreciamos a intimidade dos artistas, os preparativos, a correria de véspera, os ensaios exaustivos, a concorrência para se pegar um papel, a contratação e a demissão de pessoas, todos os elos importantes dentro de um show de grande porte. É tudo realmente uma espécie de “bagunça”, com pessoas de todos os tipos correndo para lá e para cá, cada uma com suas funções e às vezes seus problemas, no fio da navalha e no compasso do relógio. Isso tudo é mostrando muito bem e de uma forma bastante original efetivamente. Provavelmente para aqueles que gostam de balé o filme irá produzir efeitos muito maiores e muito mais emoção. Inclusive porque vários números são mostrados de forma exaustiva e muitas peculiaridades da arte são exploradas. Entretanto, o filme tem qualidades para manter o interesse também daqueles que não são aficionados: um visual magnífico, excelente fotografia, números musicais elaborados e se baseia em conto de Hans Christian Andersen, o que justifica às vezes seus toques de “fábula”. É um filme inglês que mostra o universo do balé e dos bailarinos (e compositores/regentes) e também explora o aspecto dos relacionamentos, analisados principalmente sob o ponto de vista do ego do personagem mais proeminente do drama, que é o diretor do corpo de balé e para quem qualquer envolvimento sentimental representa o distanciamento da própria arte. O filme cresce muito em sua parte final, quando os grandes dramas vão acontecer e um importante conflito irá encaminhar os fatos, havendo apenas um final que pode ser tido como polêmico e discutível, porque parece, de certa forma, contrariar todo o espírito que predominou no filme anteriormente. 8,7