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RRR (REVOLTA, REBELIÃO, REVOLUÇÃO)

Quem nunca assistiu a uma superprodução indiana (cinema que produz mais de 2.000 filmes/ano) vai ficar de queixo-caído vendo este épico Netflix. Quem já viu, Baahubali, por exemplo (do mesmo diretor), talvez não estranhe o espetáculo, mas mesmo assim vai ter o prazer de confirmar o inacreditável nível cinematográfico alcançado pelo cinema hindu! Em mais um longa-metragem, convivem em total miscelânea diversos estilos, como ação, suspense, comédia, drama, romance, tudo muito colorido e embalado por músicas e danças. Há também algum pastelão e algumas cenas de violência – a propósito, os animais são todas digitalizados (sendo o fato claramente perceptível) – nesse mosaico de cores, sons e imagens (ângulos de câmera e efeitos magníficos), de acrobacias e fartura de cenas em câmera lenta. Uma festa para os sentidos e que deveria ser degustada em uma telona de cinema, de preferência com pipoca e guaraná, para a total entrega à diversão ! Uma história desde o início anunciada como de ficção, mas que na verdade aborda de forma vigorosa aspectos históricos e cruéis da colonização inglesa na Índia (aqui, os fatos acontecem em 1920). Vemos o movimento para a libertação da Índia em seus anseios e trajetos mais pungentes e até mesmo os dois protagonistas foram baseados em personagens da mitologia hindu, embora na vida real nunca tenham convivido. O filme trabalha com emoções primárias (embora intensas e dramáticas), é estereotipado com relação ao bem e ao mal, mas traz um ritmo irresistível, momentos belíssimos e coreografias de ação de tirar o fôlego (como a do início do filme, na cena do “um contra todos”). O elenco é todo harmonioso, com evidente destaque para os dois heróis, interpretados por ótimos atores, que denunciam também ser excelentes atletas e dançarinos. Pelo que consta, não é uma produção Bollywood, embora se use essa terminologia – erradamente – para denominar todo o cinema indiano. Conforme a região e a língua, há vários segmentos cinematográficos na Índia, inclusive Mollywood e Kollywood e o nome Bollywood foi formado pela junção de Hollywood com Bombaim, antiga denominação de Mumbai. Neste caso, sendo o filme feito não em hindi, mas em língua telugu, o filme é, afinal, produção Tollywood. Seja como for, aqui é entretenimento puro, que empolga, emociona e que, a par de muitos exageros, traz também preciosas lições de amor, amizade, lealdade, senso de justiça, coragem e liberdade! 9,0