O ÚLTIMO TREM (LE TRAIN)

Quem é fã do cinema francês obviamente conhece a bela atriz Romy Schneider (a eterna Sissi – 1955, A piscina), alemã naturalizada francesa, bem como o consagrado ator francês Jean-Louis Trintignant (Z, Um homem e uma mulher e a continuação, 53 anos depois, Os melhores anos de uma vida), recentemente falecido e com uma carreira cinematográfica iniciada na década de 60. São eles o principal motivo de interesse deste filme de 1973, que não tem um roteiro inovador, mas apresenta algumas qualidades inegáveis: já de início chama a atenção a belíssima fotografia, passamos a ser embalados por uma também bela trilha sonora e somos conduzidos em uma viagem pelo interior da França durante a Segunda Guerra, que alterna momentos bucólicos (mas também de tensão) com imagens reais da guerra, em preto e branco, mostrando a crueldade e a destruição. Os fatos do filme se passam nos anos 40, no início da invasão da França pelos nazistas, qu

e se espalham célere e perigosamente e provocam pavor e fugas das populações em seu caminho, de aldeias e povoados. Inclusive na viagem do trem, vemos coisas que só a guerra traz e chegamos até La Rochelle – cidade costeira que teve grande importância na guerra – em um momento decisivo da história. O filme em muitos momentos é passivo e não tem momentos empolgantes ou de grande fascínio ou criatividade. Entretanto, a cena final redime quaisquer defeitos de ritmo ou de roteiro, nos fazendo sentir com intensidade os sentimentos envolvidos, em um momento dramático maravilhoso, pungente e inesquecível e que acaba de fato elevando o significado do próprio filme. 8,3