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A CHAVE DE SARAH

Os franceses possuem um jeito particular e muito especial de contar os fatos da segunda guerra mundial, até porque sentiram na carne os efeitos do nazismo e eles mesmos tiveram que se submeter em vários sentidos às exigências do poder. Este drama enfoca duas épocas paralelas basicamente: os anos de 2009 (a atualidade, porque o filme foi feito em 2010) e de 1942 (quando os fatos que deram origem a tudo aconteceram). Com o recurso de flash backs muito bem utilizado, a presença sempre bela e magnética da atriz Kristin Scott-Thomas (multitalentosa e com dezenas de filmes) e um roteiro consistente e emocionante, o diretor francês Giles Paquet-Brenner nos transporta de uma época a outra, em idas e vindas, através das investigações feitas pela protagonista, uma jornalista que por determinada circunstância passa a se interessar pelo passado e se dispõe a vasculhá-lo, com foco na ocupação nazista de 1942: a obsessão pela busca do que de fato ocorreu acaba ensejando uma viagem reveladora e descortinando uma fascinante embora triste história, porém também com efeitos na vida pessoal e familiar da personagem. É um filme triste e melancólico, mas ao mesmo tempo muito belo, que vai derramar lágrimas dos sensíveis, mas também provocar a reflexão de todos, mais uma vez, sobre os absurdos da guerra e do ser humano e sobre quais os valores a serem efetivamente perseguidos. E por essas reflexões também virão resgates e fios de esperança que deverão sempre existir na busca dos homens pelos valores corretos e na tentativa de não repetir os erros antigos. De conhecidos no elenco, Niels Arestrup (premiado ator, roteirista e diretor francês) e Aidan Quinn (ator americano conhecido) e mais nada será aqui revelado, para que o espectador faça a viagem que merece e enfrente mesmo aquilo que o incomoda e comove profundamente, porque, como diz a certa altura a protagonista Julia Jarmond, “a verdade também tem seu preço”. Nada que já não tenha sido contado antes, mas aqui, mesmo em meio à brutalidade dos fatos, tudo se dá de uma forma muito delicada. 9,2