O SUBSTITUTO (DETACHMENT)
Embora tenham escolhido um título em português que já nomeia outros filmes, o nome desde aqui, devidamente traduzido, deveria ser algo como “Indiferença” ou “Distanciamento”. De todo modo, o título brasileiro se justifica por se tratar de uma história envolvendo um professor substituto (ou temporário) e que – pra variar – se envolve nos tormentosos caminhos do ensino e dos chamados alunos “difíceis” (marginais, para dar a definição correta). Mas a semelhança deste filme com o que logo vem à mente, “Ao mestre com carinho”, termina praticamente por aí. Comparado com o vigor e a crueza deste filme, aquele do Sidney Poitier parece um desenho da Disney. Porque aqui as cores são muito fortes e cinzentas, desenhando um retrato difícil e sofrido da juventude desesperançada e acentuando, muitas vezes drasticamente, os dramas das escolas públicas da periferia e de um contexto escolar que parece não deixar sequer se vislumbrar uma luz no final do túnel. A visão é pessimista, o realismo é incômodo e várias situações podem abalar o espectador, embora seja esse exatamente o objetivo do filme, intimamente relacionado com as angústias e os dramas existenciais, de alunos e professores, personagens de problemas sociais que parecem insolúveis e que com grande probabilidade têm origem nos lares sem pais e sem amor. Tudo parece desfilar diante de nossos olhos de um modo particularmente feroz e contundente, transbordandor cena a cena, nas imagens e também na adequada trilha sonora. Bela atuação de todo o elenco, recheado de nomes conhecidos, a começar pelo protagonista Adam Brody. E além dele, destacam-se Marcia Gay Harden, James Caan, Lucy Liu, Christina Hendricks, Blythe Danner, Bryan Cranston (aparição de segundos apenas) e a talentosa e bela jovem Sami Gayle. O diretor é o excelente Tony Kaye (de A outra história americana). Não é fácil de digerir, mas é um belo e poderoso filme, inclusive premiado em diversos festivais. 9,0