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O FIO DA NAVALHA (THE RAZOR´S EDGE)

Embora exista uma versão mais nova (de 1984), com Bill Murray e Theresa Russell, esta é a de 1946, com o galã Tyrone Power, a bela e premiada Gene Tierney (Laura, Amar foi minha ruína…), a também a oscarizada Anne Baxter (A malvada), Herbert Marshall e Clifton Webb, entre outros. O filme concorreu a 4 Oscars: Melhor filme, Atriz Coadjuvante, Ator coadjuvante (Webb) e Direção de arte em p&b e ganhou 1: para Anne Baxter, como coadjuvante por seu papel de Sophie, tendo também ganhado o mesmo prêmio no Globo de Ouro, que, aliás, também foi conferido a Clifton Webb, por este filme. O roteiro procura ser fiel ao livro de M. Somerset Maughan, que curiosamente é um dos personagens principais do filme, na verdade o que narra a história, por ter vivenciado alguns fatos e sabido de outros, todos tendo alguma relação com o foco principal: o personagem Larry (Tyrone), que ousou romper com as regras sociais da época e saiu pelo mundo em busca do conhecimento e do sentido da vida (procura essa comparada, por um místico indiano, a se posicionar no fio de uma navalha, expressão que dá nome ao filme, felizmente traduzida literalmente para o português). O problema do filme, porém, é que ao adaptar o livro não soube eleger os momentos mais importantes para aprofundar e, por outro lado, apresenta as passagens do tempo de forma muito abrupta, sem a necessária harmonia na sequência das cenas:  embora um livro de centenas de páginas não seja nada fácil de transpor para o cinema, existem determinados acontecimentos que praticamente exigem um tratamento mais profundo, mais elaborado, de fatos e personagens e isso aqui nem sempre acontece: por exemplo, com o drama familiar e a história de Sophie (inclusive com Larry), o lado espiritual do protagonista, as facetas de sua incansável busca… O filme, porém, tem bons diálogos, um figurino marcante de Isabel (Gene Tierney) e apresenta uma razoável reflexão sobre valores e espiritualidade, além de alguns momentos emocionantes, principalmente ao final. No todo, embora os defeitos apontados e também o de ser melodramático demais em muitos trechos (a trilha ajuda nesse ponto), acaba sendo uma história que vale a pena pelas qualidades que possui. 8,0