NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (ANNIE HALL)
Este filme na época fez um grande furor, ganhando inúmeros prêmios de direção, interpretação e roteiro, incluindo os Oscars de Melhor filme, Direção (Woody Allen), Roteiro original (Woody Allen) e Melhor atriz (Diane Keaton), embora Woody Allen tenha também sido indicado ao Oscar de Melhor ator. Aliás, a nomeação simultânea para ator, diretor e roteirista de Allen só havia ocorrido antes em 1941, com Orson Welles. Woody Allen já havia feito ótimos filmes, como A última noite de Bóris Grushenko, Bananas, Um assaltante bem trapalhão, mas foi somente após este filme que derivou para caminhos diversos de sua criatividade e produziu obras como Manhattan, Zelig, A rosa púrpura do Cairo, Hannah e suas irmãs, Crimes e pecados, Poderosa Afrodite, Desconstruindo Harry, Match point, Vicky Cristina Barcelona e Meia noite em Paris, além de muitos outros. Aqui, a história não difere das muitas escritas pelo notável escritor e humorista, envolvendo relacionamentos, sua origem judaica, a análise de tempos, as crises, o pessimismo sobre o mundo e os seres humanos etc, tudo sendo construído para a inserção das famosas “piadinhas/filosofias” (algumas ótimas, outras nem tanto), como “Minha avó nunca me dava presentes, porque estava ocupada em ser violentada pelos cossacos” e no caso para servir de “escada” para a ótima Diane Keaton, inclusive cantar. O filme tem o tom típico de Allen, um grande cuidado de produção e a participação de convidados ilustres, como do ator Tony Roberts, da atriz Shelley Duvall, de Christopher Walken e do compositor e cantor/ator Paul Simon, da dupla Simon & Garfunkel (entre outros de aparição meteórica). Pessoalmente, acho Woody Allen genial e um grande talento cinematográfico, mas prefiro os filmes em que ele não atua (e tampouco qualquer alter ego, pela simples razão dos estereótipos enjoativos) e canso um pouco com essa temática repetida. Só que esse julgamento é atual, ficando difícil, agora, apreciar o impacto do filme em 1977, que, pelo visto, foi efetivamente grande e certamente merecido. De todo modo, o filme envelheceu e não permanece de modo algum com o mesmo encanto, atualmente não sendo merecedor da quantidade de prêmios que ganhou, principalmente como melhor filme, em detrimento de obras muito melhores e mais consistentes, como “Momento de decisão” (The turning point), por exemplo, que foi derrotado por este filme e indicado a incríveis 11 Oscars, sem ter ganho – injustamente -nenhum, em uma das maiores injustiças do Oscar, de todos os tempos. 8,5