NICKEL BOYS

Indicado a Melhor filme no Globo de Ouro, tendo várias nomeações no Critic´s Choice Awards e concorrendo aos importantes Oscars de Melhor filme e Melhor roteiro adaptado, este filme americano de 2024 já começa surpreendente. Não pela história, embora tenha realmente existido a Nickel Academy (de 1967 a 2011), mas pelo modo inovador de relatar os fatos: nos primeiros momentos do filme, a câmera atua de forma propositadamente nervosa e irregular, retomando a normalidade somente após bastante tempo; mas mesmo assim, ainda apresentando enfoques inovadores, por exemplo quando os personagens dialogam entre si olhando diretamente para a lente da câmera; outro exemplo: a cena em que Elwood mais velho conversa com alguém em um bar (isso após a guerra do Vietnã) e a câmera só o mostra de costas – interessante também que no final da conversa o interlocutor aparece com a feição jovem do tempo em que ambos conviveram. O filme foi baseado no livro premiado (Pulitzer) escrito por Colson Whitehead e retrata um racismo cruel e intenso, que começava a ganhar poderosos inimigos nas leis antissegregacionistas e nas lutas pelos direitos humanos, lideradas principalmente por Martin Luther King e Malcolm X. O enredo foca na origem e amizade de dois negros (personagens Elwood e Turner) e no citado reformatório Nickel da Flórida, onde se praticava abusos e a tortura oriundos do racismo, formando um triste mas real retrato dos Estados Unidos da época (e que ainda é contemporâneo, conforme nos chegam as notícias, em pleno século 21). O tema do filme obviamente não permite que seja propriamente uma diversão, ao contrário sendo forte, dramático, triste e melancólico. Entretanto, sua seriedade e suas cores de realidade o tornam uma obra cinematográfica de respeito, com ótima direção do alemão radicado nos EUA, RaMell Ross e marcantes as interpretações de Ethan Herisse (Elwood) e Brandon Wilson (Turner). Em meio à brutalidade dos fatos e da época, uma cena curiosa e engraçada: aquela em que El atravessa a rua correndo, achando que o Reverendo Martin Luther King está reunido com um grupo de pessoas na calçada. 8,9