MADAME BOVARY

Gustave Flaubert foi um grande escritor francês, nascido em 1821 e que, ao publicar “Madame Bovary” em 1857, foi processado e acusado de imoral. Nascia ali o realismo francês e, a partir de cem anos depois, no mínimo nove adaptações para o cinema de sua obra mais famosa. Eu vi três ou quatro adaptações e foi desta, de 2014, que eu mais gostei, embora sempre reconheça – e considere na avaliação – a grande dificuldade de condensar um livro de tal profundidade em um filme de duas horas ou pouco mais de duração. A história, sendo fiel ao próprio realismo, não é romântica e sim um painel crítico social da época (século 19) e ao mesmo tempo uma análise psicológica da personagem, Emma, criada no interior rural francês e que se casa com um médico de poucas ambições. A partir daí se desenrolam os dramas e este filme, com sua trilha, ambientação, fotografia (e câmera ágil), figurino e a competente direção da franco-americana Sophie Barthes, consegue passar bem os sentimentos de frustração e de inquietação da personagem muito bem interpretada por Mia Wasikowska (Alice, de Tim Burton, Segredos de sangue, A colina escarlate), diante da monotonia de uma vida pacata que não fazia parte de seus planos e sonhos. A atriz transmite com eficiência o que vai se passando na cabeça e no coração de Emma, com todas as nuances que surgem diante das várias situações e contextos que enfrenta, muito embora um livro de tal grandeza merecesse uma adaptação de muito maior qualidade, o que até hoje não aconteceu. Também atuam no filme, de mais conhecidos, Rhys Ifans (o impagável Spike em Notting Hill) e Paul Giamatti (Sideways, A minha versão do amor, Walt nos bastidores de Mary Poppins). 8,7