MADAME

A análise deste filme, que não é ruim, mas deixa um gostinho de “queria mais”, deve ser feita justamente sob o ponto de vista do que o filme poderia ter sido e do que acabou sendo, gerando uma frustração pelo menos em parte, pelo seu desenvolvimento e também pelo seu resultado, que fica, sem dúvidas, aquém das expectativas. Com um belo elenco e uma história forte para ser contada, acaba virando um filme “morno” e facilmente esquecível. Tinha, em suma, elementos de grande potencial para ser um filmaço e acabou sendo apenas mediano, com diversos problemas de roteiro e continuidade, sem consistência em parte da história e com lapsos inclusive nos entrelaçamentos dos próprios personagens. A culpa provável é de quem o dirigiu, no caso a francesa Amanda Sthers. Mesmo assim, temos um título que insinua a chamada luta de classes e o roteiro se torna atraente ao colocar alguém em uma falsa posição na hierarquia social, situação que rende inesperadas consequências. Rossy de Palma, atriz queridinha de Almodóvar, está hilária no papel, embora grande parte de sua empatia seja gerada por sua aparência, absolutamente destoante. Mas esse aspecto enaltece os contrastes do próprio enredo e torna coerente o contexto social abordado. Toni Collette (O sexto sentido) e Harvey Keitel (Pulp fiction) dispensam apresentações e é pena que alguma coisa não funcionou e comprometeu até mesmo o desempenho deles, que ficou tão insatisfatório, quanto a promessa não concretizada de algo bem maior. 7,8